Detalhe

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

29/11/2018 | Por: IstoÉ | 2781
Foto: Brasil Consultas

Só 1/4 dos contratos de financiamento estudantil prometidos pelo governo federal foram firmados neste ano. É o que mostra um levantamento inédito produzido pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Crise econômica, corte de recursos e reestruturações feitas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) seriam os principais problemas que afetaram a política, segundo o estudo.

O levantamento aponta que, apesar da promessa de incluir 310 mil novos alunos em 2018, apenas 80,3 contratos foram efetivados – pouco mais de 26% da meta. “Nem as 100 mil vagas na modalidade governamental, com juro zero, foram preenchidas devido ao alto grau de exigências das atuais regras”, aponta o relatório da entidade.

Já no P-Fies, modalidade que funciona com recursos dos fundos constitucionais e de desenvolvimento e bancos privados, somente 500 contratos foram efetivados – esperava-se que fossem celebrados cerca de 210 mil.

Criado em 1999, o Fies teve uma explosão de contratos em 2010, quando os juros caíram de 6,5% para 3,4% ao ano, valor abaixo da inflação. Além disso, o financiamento passou a ser obtido a qualquer momento, a exigência de fiador foi relaxada e o prazo de quitação, alongado.

Muitas faculdades passaram a incentivar alunos já matriculados a não pagarem a própria mensalidade, mas a entrarem no Fies, transferindo o risco de inadimplência para o governo.

Em 2015, uma série de medidas começou a mudar novamente o programa e a focar em determinados cursos e regiões. Os financiamentos vêm caindo. O primeiro semestre de 2018 registrou o menor número de novas contratações desde 2011. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em setembro passado mostrou que o rombo no programa chegou a R$ 20 bilhões neste ano.

Para a ABMES, 2018 foi o ano do “pior cenário de todos os tempos” para o Fies. O estudo aponta que, apesar de a quantidade de alunos nas instituições de ensino superior particulares ter subido 42% entre 2010 e 2018, o número de contratos do Fies subiu 5,2%. “Para igualar proporcionalmente ao ano de 2010, o Brasil deveria ter efetivado 107.920 contratos novos. Esse déficit de 25,6% faz deste o pior Fies da história”, diz o texto.

Pesquisa 
Em pesquisa feita com 1.079 jovens das cinco regiões brasileiras que querem cursar uma graduação ou já estão em uma, a entidade coletou relatos de alunos apontando que o novo modelo do Fies dificultou o acesso ao financiamento. A entidade propõe apresentar um novo modelo de financiamento para o futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Os pesquisadores fizeram 19 perguntas de múltipla escolha, em dois diferentes momentos: em 1º de março de 2018 e em 2 de outubro, com o objetivo de comparar os resultados. O levantamento apontou que 4 em cada dez alunos disseram não ter condições de arcar sozinhos com a mensalidade da graduação.

Para 51% dos entrevistados, as mudanças dificultaram o acesso ao programa. A resposta não mudou significativamente entre as duas datas da pesquisa.

Ao jornal, o presidente da ABMESJanguiê Diniz, afirmou que a proposta da entidade para melhorar o programa prevê que o governo ofereça 100% de financiamento, com um desconto maior vindo das universidades e com a possibilidade de que o aluno possa pagar um “pequeno valor” mensal para abater do próprio financiamento.

“A reforma atual foi feita para pior. Prova disso é que a quantidade de financiamentos em 2018 foi menor do que a de 2010. O governo tratou financiamento estudantil como um programa financeiro quando, na realidade, o Fies deve ser olhado com olhos de um programa social. E compete ao poder público dar acesso ao ensino à população de baixa renda”, afirmou.


Conteúdo Relacionado

Notícias

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

jornal de Brasília: Em coletiva, Janguiê Diniz, o presidente da ABMES, afirmou que governo tratou financiamento estudantil como um programa financeiro quando, na realidade, o Fies deve ser olhado com olhos de um programa social

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

Crise econômica, corte de recursos e reestruturações feitas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) seriam os principais problemas que afetaram a política, segundo estudo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior

Setor de ensino superior lista propostas para resgatar Fies em governo Bolsonaro

Entidade sugere que governo federal volte a financiar 100% do curso; instituições dariam descontos de até 30% e amortização começaria no início do contrato

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

Folha Vitória: Relatório feito pela ABMES mostra que nem 100 mil vagas na modalidade governamental do Fies, foram preenchidas

Acesso ao Fies ficou mais difícil, dizem faculdades privadas

Bol: Em coletiva, o diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, relata que os bancos tratam o financiamento estudantil como uma linha de crédito qualquer

Novas regras dificultam acesso ao Fies

O Sul: O acesso às faculdades privadas por meio do Fies está mais difícil desde a adoção de novas regras pelo programa, diz o levantamento feita pela ABMES

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

Folha de Londrina: em levantamento feito pela ABMES, só um quarto dos contratos de financiamento estudantil prometidos pelo governo federal foram firmados

Número de contratos do Fies na Bahia cai pela metade em um ano

Bahia Notícias: Um levantamento feito pela ABMES concluiu que o acesso às instituições de ensino superior privadas através do Fies se tornou mais difícil

Governo firma apenas 1/4 de contratos prometidos com Fies, aponta estudo

UOL: O diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, afirmou que a proposta da entidade para melhorar o programa prevê que o governo ofereça 100% de financiamento