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Ensino superior: só 34 instituições têm nota máxima

19/12/2018 | Por: O Globo | 2784
Foto: Agência Brasil

Somente 34 das 2.066 instituições de ensino superior avaliadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), atingiram a nota máxima no Índice Geral de Cursos (IGC), numa escala que vai de 1 a 5. Isto equivale a 1,6%. Já os conceitos 1 e 2, considerados insatisfatórios, foram dados a 278 instituições, o que representa 13,4% do total. A análise dos números mostra que existe uma “ilha de excelência” no ensino superior do Brasil, que sofre dificuldades de interiorização.

— São Paulo sempre concentra os maiores percentuais, pois é a região que tem a maior quantidade de estabelecimentos. Mas, se formos olhar outros estados, você vê que existe uma concentração de instituições de ensino superior mais qualificadas no Sul e no Sudeste, em relação a outras regiões. O Rio, por exemplo, tem 20% das instituições com o maior conceito e só 3,9% das que foram consideradas insatisfatórias — afirma Raquel Pereira, doutora em Estatística e professora da UFPE.

OI G C, que avalia a qualidade da educaçãosu peri or,é calculado a partira partir da média do Conceito Preliminar do Curso (CPC) nos últimos três anos, a média dos conceitos de avaliação dos programas de pós-graduação e a distribuição dos estudantes entre os diferentes níveis de ensino (graduação ou pós-graduação). Nesta última avaliação, a maioria dos centros de ensino se concentrou no meio da “régua de avaliação”: 1.363 instituições, ou 66%, atingiram anota 3.

— O que este panorama revela não é novo, e aí está o problema. Temos uma diversidade de cursos, mas eles não refletem em qualidade. E o pior: ao longo dos anos, esse quadro tem sofrido poucas modificações — analisa Raquel.

Fonte: OGlobo

Os resultados do IGC também demonstram que, no grupo de elite, as universidades públicas federais são as que mais se destacam. Cerca de 13% dessas instituições receberam a nota máxima. Entre as privadas com fins lucrativos, somente 0,4% tiveram a avaliação mais alta.

No outro extremo, somente instituições de ensino superior privadas receberam a nota mais baixa, mas com percentual que não passa de 1%.

Enquanto o conceito mais alto se restringe a apenas sete estados do Sudeste e Sul e no Distrito Federal, a parte insatisfatória está presente em todas as áreas.

Desigualdade regional
No Rio, um dos centros de excelência é a Escola Brasileira de Educação e Finanças (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas. Rubens Penha Cysne, diretor da instituição, acredita que o quadro nacional é difícil de reverter, mas

ele poderia ser atenuado de forma mais imediata.

— É necessário fazer uma política de seleção nacional, dar bolsas de estudo para quem é do interior e assistência para que essas pessoas possam vir aos centros. É claro que seria mais interessante ter uma grande instituição em cada capital, mas é mais difícil —afirma.

Cysne acredita que a fórmula do sucesso para se destacar neste cenário se baseia em três pilares:

—É necessário ter professores próximos à pesquisa, para que eles estejam sintonizados com as produções recentes; ter uma internacionalização, de forma que as pesquisas estejam presentes em grandes fóruns; e ir até a base, o ensino médio, para cativar vocações.

Para Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), o IGC é uma avaliação injusta por não identificar diferenças em um território vasto como o brasileiro:

— É uma avaliação que coloca a faculdade do interior de um estado pobre no Norte ou Nordeste sob os mesmos critérios que uma instituição como a USP. Nossas faculdades são boas, mas parecem ruins quando esta avaliação é lançada. É interessante que, na parte da avaliação qualitativa, instituições que vão mal recebem um bom resultado. Quando você vai à faculdade e vê a realidade, não é tão ruim.


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