O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) estuda antecipar para o primeiro semestre letivo a realização do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A medida, segundo representantes do órgão, poderá dar maior protagonismo ao Enade, que tradicionalmente é realizado no fim do ano, concorrendo com diversos outros sistemas de avaliação do MEC, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que na última edição teve mais de 5 milhões de inscritos.
O tema foi um dos assuntos debatidos durante seminário realizado nesta terça-feira (10/03), na sede da Associação brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES), em Brasília/DF. Na ocasião, especialistas e representantes do Inep, incluindo o diretor de Avalições da Educação Superior, Moaci Alves Carneiro, discutiram ainda a revisão dos insumos de avaliação que compõem os Indicadores de Qualidade – Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), Conceito Preliminar de Curso (CPC) e Índice Geral de Cursos (IGC).
“A ideia de antecipar o Enade para o primeiro semestre seria uma forma de dar mais protagonismo ao exame. Hoje, na forma como ele é aplicado, há um sombreamento em relação aos demais exames do Inep, tais como o Enem e o Encceja. Com a antecipação, nós teríamos o benefício de dar ao exame um olhar diferenciado, apresentar os resultados com um intervalo de tempo menor, dando mais visibilidade para a educação superior”, explicou a coordenadora-geral de Controle de Qualidade da Educação Superior do Inep, Fernanda Marsaro dos Santos. Atualmente, a prova é realizada no mês de novembro e o resultado é divulgado em até 10 meses depois.
A medida, de acordo com o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, juntamente com outras reformulações previstas, é vista com bons olhos pelo setor particular de educação superior. “Isso dará mais protagonismo ao Enade. O importante é o engajamento dos alunos na prova. Essas medidas, com alguns pequenos ajustes e sugestões que fizemos com relação aos ciclos, devem funcionar perfeitamente”, afirmou.
Niskier também avaliou como positivas as propostas apresentadas pela equipe do Inep para aprimoramento dos indicadores de avaliação das instituições. “A ideia de dar mais diversidade ao conjunto de indicadores que avaliam as instituições superiores também é um modelo bastante interessante e inovador. Estamos colaborando com sugestões porque acreditamos que o reconhecimento das características específicas de cada IES é muito importante no critério final da avaliação”, explicou.
De acordo com o diretor de Avalições do Inep, o órgão espera envolver todos os atores ligados à educação superior no aprimoramento dos indicadores de avaliação das instituições. “O grande desafio é conversar com educadores, pesquisadores e instituições, no sentido de construir rotas capazes de aprimorar o conjunto dos processos de educação superior. A sociedade tem expectativa neste sentido, de uma construção em conjunto, com a grande finalidade de fazer com que os resultados obtidos através da aplicação desses indicadores sejam revertidos em políticas públicas”, afirmou Moaci Alves Carneiro.
Nota do Enade no Diploma
Outra proposta debatida no seminário foi a possibilidade de inclusão da nota do Enade no histórico escolar do aluno. “Essa proposta esbarra em algumas questões legais, conceituais e operacionais. Um dos aspectos legais diz respeito à Lei do Sinaes, que proíbe tal divulgação. No campo operacional, temos a questão da logística do Exame, que é realizado em provas de papel em certa de 1.400 municípios pelo país. Demora cerca de 9 a 10 meses para termos a correção de todas as questões, especialmente as discursivas. Sem contar que a prova não é realizado todos os anos”, explicou Ulysses Tavares, coordenador de Gestão de Exames do Inep.
Programa AcademIA
Na ocasião, foi entregue ainda uma placa de certificação para as instituições de educação superior selecionadas para participar do piloto do programa de capacitação em Inteligência Artificial, o AcademIA. Fruto de uma parceria entre ABMES e a Microsoft, o objetivo é oferecer capacitação gratuita em Inteligência Artificial para estudantes e profissionais já inseridos no mercado de trabalho. Os certificados foram entregues pela diretora de Educação da Microsoft Brasil, Vera Cabral. Também estava presente a vice-presidente para Setor Público, Saúde e Educação da Microsoft Brasil, Alessandra Karine, que palestrou sobre "Inclusão de mulheres em carreira de tecnologia".