Um levantamento realizado pela Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) com 485 estudantes de graduação de todo o País e 512 alunos em potencial indica que a principal preocupação em meio ao cenário da pandemia do novo coronavírus é a questão econômica: 58,4% dos estudantes têm medo de ficarem desempregados, enquanto 11,9% estão preocupados com a possibilidade da família não conseguir arcar com as mensalidades.
Celso Niskier, presidente da Abmes, afirma que o setor deve estudar, caso a caso, como conceder bolsas e refinanciamentos para alunos que enfrentarem desemprego ou redução de renda durante a Covid-19. Mais de 41% dos estudantes afirmam que devem ter dificuldades para arcar com as mensalidades a curto prazo, embora não saibam em quanto tempo os problemas financeiros devem começar. Outros 35,2% afirmaram que podem pagar pelos estudos por mais três meses, enquanto 14,2% não enxergam dificuldades financeiras pelos próximos seis meses.
Segundo Niskier, a reivindicação de redução de mensalidades acontece em assembleias legislativas de todo o País por meio da proposição de projetos de lei. Ele afirma que o modelo discutido, de uma redução única que pode chegar a 30%, gera distorções no sistema e pode prejudicar alunos que precisam de isenções ou refinanciamentos totais, enquanto estudantes sem dificuldades financeiras seriam beneficiados por descontos desnecessários.
Além disso, Niskier afirma que não há cenário de redução de custos para a maioria das instituições de ensino superior. “Muitas instituições investiram em tecnologia para dar conta desse modelo remoto, então na verdade estão indo para o sacrifício orçamentário. Uma economia de água ou luz durante esse período não chega a 5% de uma planilha normal”, defende. De acordo com Niskier, o modelo adotado pela maioria das instituições de ensino superior não é um “EAD tradicional”, com tutoria e material institucional, mas “aula presencial de forma remota”.
Os alunos, porém, indicam intenção de seguirem com os cursos: 94% dos estudantes de ensino superior de instituições privadas querem continuar estudando e, no recorte da educação a distância, o porcentual é de 96%. Para quem pretende iniciar cursos nos próximos 12 meses, o cenário é mais incerto: 44% afirmam que o cenário macro deve representar um impacto pequeno no início dos estudos, enquanto 39% apontam alta relevância do contexto para a tomada de decisão. Os 18% acreditam em um impacto moderado da crise mundial.
Para Niskier, o novo cenário em meio à pandemia da Covid-19 não deve representar uma mudança de paradigma para a educação à distância. “O modelo híbrido vai vencer e as aulas presenciais vão se tornar mais dinâmicas, mas a interação humana não vai acabar”, aponta. Ele lembra que o modelo atual “não foi feito por opção, foi feito por necessidade absoluta da crise”.