Cerca de 20% dos alunos do ensino superior sinalizaram que podem ter dificuldades financeiras para pagar a mensalidade com o cenário econômico desencadeado pela pandemia do novo coronavírus. O dado é de um estudo feito pela consultoria Educa Insights para a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Segundo Celso Niskier, diretor presidente da ABMES, as instituições de ensino já estão concedendo descontos ou bolsas pontuais conforme a necessidade do estudante. “O objetivo é dar ajuda individualizada para quem realmente precisa, e não um desconto generalizado”, disse Niskier.
Há um movimento de pais pedindo abatimentos nas mensalidades dos cursos presenciais porque as aulas estão sendo ministradas remotamente nesse período de quarentena. Niskier afirma que é contra o abatimento porque não houve uma substituição por curso on- line, nem redução relevante dos custos.
“Os professores continuam dando as aulas por webconferência, não são tutores como num curso on-line. Os nossos custos se mantêm. A economia com água e luz que estamos tendo não representa nem 5% dos custos totais”, disse o presidente da entidade. Segundo suas estimativas, entre 70% e 80% das instituições de ensino particulares estão dando aulas remotamente.
Ainda de acordo com Niskier, o setor está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) linhas de crédito para que as instituições de ensino possam financiar os alunos ou dar bolsas. “O programa de ajuda do governo também deve ajudar os alunos”, disse Solon Caldas, diretor executivo da associação.
O estudo da Educa Insights foi realizado com 485 alunos de cursos presencias e a distância, entre os dias 20 e 23 de março. Além de outros 512 potenciais estudantes do ensino superior para saber se sua intenção de se matricular mudou com a pandemia da covid-19.
“A pesquisa mostra que 94% dos alunos de cursos presenciais entrevistados pretendem continuar estudando, sendo que 57% têm certeza e 37% têm receio de não conseguir, por diversos motivos”, disse Daniel Infante, sócio da Educa Insights. Da base total de estudantes entrevistados, cerca de 20% aponta a perda de renda como principal fator para desistir do curso. Segundo Niskier, é necessário trabalhar com esses grupos de risco, para evitar evasão. “As instituições de ensino precisam tenham uma boa comunicação com os alunos ofertando opções de pagamento para que não haja evasão”, acrescentou Infante