Este é o semestre da retenção. O principal desafio das instituições de ensino superior (IES) particulares neste momento de crise, causado pela pandemia da Covid-19, é garantir que os estudantes já matriculados continuem na instituição. A afirmação foi feita pelo diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, durante seminário virtual ocorrido nesta quarta-feira (10/6). “É o momento de apoiar, acolher e atender às dificuldades apresentadas pelos estudantes”, acrescentou Niskier ao comentar os dados da 3ª onda da pesquisa sobre os impactos da pandemia na educação superior, realizada pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights.
De acordo com o levantamento, 94% dos estudantes querem dar continuidade aos estudos, independente dos impactos da pandemia. O percentual segue a linha da primeira e segunda etapa da pesquisa, onde houve variação de apenas três pontos percentuais.
Entre os estudantes das modalidades presencial e a distância (EAD) é possível perceber a elevação do risco de continuar estudando. Nesta edição, 47% dos estudantes presenciais apontaram riscos de desistir do curso em função da pandemia. A pesquisa foi realizada virtualmente entre os dias 28 e 31 de maio, com homens e mulheres, de idades entre 17 e 50 anos, pertencentes às classes sociais A, B, C e E.
“O que percebemos é que a grande maioria dos estudantes (94%), querem dar continuidade aos estudos, independente da crise gerada pela pandemia. Isso mostra a importância da adoção de medidas que assegurem a permanencia desses alunos. Sem dúvida alguma, este deve ser o foco das instituições, especialmente em um cenário onde a capitação de novas matrículas está bastante prejudicada”, afirmou Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES.
Assim como nas etapas anteriores, a principal preocupação dos estudantes atuais é com a manutenção do emprego e da renda. Quando perguntados sobre os fatores que poderiam acarretar na interrupção dos seus estudos, 60% dos estudantes apontaram para a perda de emprego como fator determinante.
Como esperado, o fechamento de empresas e comércios em função do isolamento social imposto pela Covid-19 afetou o rendimento de parte dos alunos. Quando perguntados sobre este tema, 60% afirmaram não ter sofrido impactos significativos com a pandemia. No entanto, 22% informaram ter perdido o emprego em função da crise. No levantamento anterior, esse percentual era de 20%. O índice de demissões relatadas foi alto, porém, mesmo assim, somente 11% deste total informou que pretende deixar ou já deixou o curso.
Expansão da EAD
Segundo projeções atuais feitas pela Educa Insights, o Brasil deverá ter mais alunos do ensino superior estudando na modalidade a distância (EAD) do que na presencial em 2022, um ano antes da previsão inicial feita pela empresa, em parceria com a ABMES, em 2018.
“A mensagem hoje é: quem ainda não é credenciado para a oferta de EAD, se credencie! A expansão dos cursos a distância ou híbridos é uma realidade que não deve ser ignorada pelas IES. Neste momento de crise, reforce a comunicação com os seus alunos. Isso com certeza será um diferencial para a sua retenção”, afirmou Daniel Infante, Sócio fundador da Educa Insights.
De acordo com o último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018 as duas modalidades já apresentavam uma diferença de apenas 243 mil matrículas. No entanto, o agravamento da situação econômica vem provocando um crescimento exponencial da EAD, que possui mensalidades bem mais acessíveis que os cursos presenciais, além de maior flexibilidade para conciliar trabalho e estudo.
Com isso, a estimativa é de que em 2019 o número de novas matrículas em EAD tenha ficado em cerca de 1.66 milhão, versus 1.48 milhão da modalidade presencial. A expectativa é de que os dados sejam confirmados com a divulgação do Censo da Educação Superior 2019, previsto para ocorrer em outubro deste ano.
Inadimplência
Diante dos impactos provocados pela pandemia, a pesquisa quis saber também por até quanto tempo os alunos acreditam que podem continuar pagando suas mensalidades sem dificuldades financeiras. Mais de um terço deles (41%) disseram que ainda não conseguem mensurar quanto tempo, mas acham que poderão ter problemas em algum momento. Outros 30% disseram que conseguem pagar sem nenhum problema pelos próximos três meses. Este indicador foi o que sofreu maior variação em relação à 2ª onda da pesquisa, que registrava 40%.
Falando especificamente das mensalidades do mês de maio, 70% dos alunos disseram que realizaram o pagamento, ainda que fora do prazo de vencimento. No entanto, 14% deles informaram que ainda não efetuaram o pagamento não sabem quando poderão fazê-lo. No mês passado, apenas 7% dos entrevistados estavam nesta situação.
Entre os estudantes que enfrentam alguma dificuldade para honrar com o pagamento da sua mensalidade, 42% informaram ter recebido algum tipo de auxílio por parte da instituição de ensino onde estuda para se manter no curso. Desses, 34% disseram que a instituição ofereceu um plano de pagamento individual, enquanto que 66% foram atendidos em programas de facilitação do pagamento das mensalidades coletivos.
Quanto ao grau de satisfação dos alunos com as condições de auxílio ofertadas pelas instituições, 61% dos estudantes que receberam auxílio exclusivo avaliaram positivamente a medida. Já entre os estudantes que foram atendidos pelos programas de auxílio coletivos, os chamados planos horizontais, o grau de satisfação foi de 21%.
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