O professor Carlos Alberto Decotelli é o novo ministro da Educação, no lugar de Abraham Weintraub. Oficial reformado da Marinha, Decotelli já atuou no governo como presidente do FNDE e é o primeiro integrante negro a compor o ministério de Jair Bolsonaro.
A escolha pegou aliados e até ministros do Palácio do Planalto de surpresa. O próprio presidente Jair Bolsonaro fez o anúncio em rede social.
Carlos Alberto Decotelli não estava nem na lista dos cotados para o cargo. E levou um susto, quando foi chamado, na noite de quarta-feira (24), para uma conversa com o presidente, nesta quinta (25). Recebeu o convite, aceitou. Horas depois, estava sacramentado. A nomeação saiu em edição extra do Diário Oficial.
O professor Carlos Alberto Decotelli da Silva tem 67 anos, é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestre pela Fundação Getúlio Vargas, doutor pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.
Oficial da reserva da Marinha, Carlos Alberto Decotelli da Silva atuou como professor da Escola de Guerra Naval. Ele participou da transição do governo Bolsonaro, ajudou na elaboração da política de educação e presidiu o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação de fevereiro a agosto de 2019.
Durante a gestão dele no FNDE, a Controladoria-Geral da União descobriu irregularidades numa licitação de R$ 3 bilhões para compra de computadores para escolas. A Controladoria considerou que havia indícios de fragilidades no documento, como falta de embasamento para o preço e a quantidade de computadores que seriam comprados. E sugeriu que o processo fosse suspenso. O FNDE atendeu o pedido.
O Ministério da Educação tem sido alvo de críticas desde o início do governo. Os dois ministros anteriores tiveram as suas gestões recheadas de polêmicas e acusações de falta de ações efetivas. E são inúmeras os desafios de Decotelli à frente do ministério. O primeiro deles deve ser a complexa retomada das aulas nas escolas e universidades, que foram interrompidas em todo o país logo no começo da pandemia. Ele também terá que lidar com o Enem e o Fundeb, o fundo que financia o ensino básico e que se não for votado no Congresso até o fim do ano, vai acabar.
No dia 13 de maio, numa live, Decotelli disse que o projeto educacional precisa ter continuidade, independentemente do partido que estiver no comando. “Aonde houver solução educacional de qualidade, nós encontraremos projeto educacional e continuidade, a alternância de poder político-partidário é saudável pra fortalecer a democracia, mas alternância de comando didático pedagógico é uma destruição na qualidade da educação”, disse.
Nesta quinta-feira (25), em entrevista ao Jornal O Globo, Decotelli disse “não tenho nem preparação para fazer discussão ideológica, minha função é técnica”.
O discurso ideológico foi um dos principias motivos de críticas à gestão de Abraham Weintraub.
A nomeação dele repercutiu. O Conselho Nacional de Secretários de Educação afirmou que enquanto presidente do FNDE, Carlos Alberto Decotelli manteve um bom canal de diálogo com os secretários. E que acredita na possibilidade de ampliação do diálogo e na contínua interação com o Ministério da Educação, para que políticas educacionais, como a implementação da Base Nacional Comum Curricular e o Novo Ensino Médio possam avançar com celeridade e qualidade.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior disse que espera “que o novo ministro tenha um olhar diferenciado para as políticas de inclusão que precisam ser implantadas e/ou aperfeiçoadas, de modo a permitir a democratização do acesso e a inclusão dos menos favorecidos economicamente na educação superior”.
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