Detalhe

Reforma tributária proposta pelo governo pode encarecer em 10% mensalidades do ensino superior em 2021

19/08/2020 | Por: O Globo | 2294
Foto: Reprodução/ O Globo

Caso seja aprovada, a unificação do PIS e Cofins num alíquota única de 12% na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), como sugere o governo em sua proposta de reforma tributária, pode encarecer em 10% as mensalidades do ensino superior privado já no próximo ano.

Nesse cenário, o país pode ter uma perda de de 1,6 milhão de alunos até 2030 nas instituições de ensino superior particulares. Desse total, 1,3 milhão representam novos estudantes que deixariam de ingressar nas instituições no período e 322 mil estudantes que já estão matriculados se evadiriam.

Os números constam de um estudo apresentado nesta quarta pelo Semesp, entidade que representa as mantenedoras de ensino superior no país. Para o Semesp, o governo não pode esperar que o "mercado se ajuste". Tal impacto negativo no setor educacional tem que ser olhado com a "visão de Estado".

— É um quadro grave, considerando que cerca de 89% dos alunos que estudam em instituições privadas de ensino são das classes C, D, e E. Para que não houvesse aumento de carga tributária para as instituições particulares, obrigando-as a aumentar as mensalidades, a CBS proposta teria que ser de 4,5% - diz Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, lembrando que o lucro médio do setor é de 6%.

Esse cenário pode aprofundar as desigualdades sociais na educação, diz o diretor-executivo do Semesp.

O Semesp quer mobilizar representantes do setor educacional no Congresso para que esses números sejam discutidos. Capelato afirma que a criação da CBS traz aumento de carga tributária para o setor, diferente do que prega o governo, que garante que não haverá aumento de impostos com a reforma.

— Não vemos sensibilidade do governo em relação a isso. Para o Executivo, quem estuda em escola particular pode pagar - diz Capelato.

O estudo mostra também as perdas em termos econômicos para o país. Segundo o Semesp, entre perda de massa salarial e arrecadação de impostos, haveria um prejuízo de R$ 733 bilhões ao país ao longo dos próximos dez anos. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a diferença salarial de um profissional com ensino médio e com superior completo chega a R$ 50,9 mil num ano.

— Só a perda de massa salarial até 2030 seria de R$ 531 milhões, o equivalente a 7% do Produto Interno bruto (PIB) diz Capelato.

E, no mesmo período, deixariam de ser arrecadados em encargos sobre a folha de pagamentos e Imposto de Renda sobre Pessoa Física (IRPF) R$ 202 bilhões, estima o Semesp.

Além disso, a instituição prevê que as instituições encolham o número de bolsas oferecidas pelo Prouni (Programa Univseridade para todos) do governo federal. Isso porque as instituições de ensino superior com e sem fins lucrativos só ficariam isentas da Contribuição Sobre Lucro Líquido (CSLL) e Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica, mas passariam a pagar a CBS. Atualmente, entre bolsas integrais e de até 50% na mensalidade, 722 mil estudantes se beneficiam do ProUni no país.

O Semesp estima a perda de alunos matriculados com Prouni seria de 160 mil em 2021 e de 521 mil em alunos ingressantes nos próximos dez anos.


Conteúdo Relacionado

Vídeos

CNN | Estudo aponta apagão de matrículas em universidades

Matéria veiculada pela CNN Brasil no dia 28 de julho de 2020 traz dados da 4ª fase da pesquisa "Coronavírus e educação superior: o que pensam os alunos", realizada pela Educa Insights e divulgada pela ABMES

Notícias

Faculdades particulares dizem que país pode ter apagão de mão de obra

Folha de S.Paulo: Setor pede a Bolsonaro que reconsidere estudo para acabar com dedução

Proposta de reforma tributária foi feita sem simulação

Poder 360: Receita não calculou impacto da CBS Sobre os diferentes setores e regiões

Atual reforma tributária ameaça futuro dos jovens

Estadão: As entidades representativas do setor privado de ensino se uniram para alertar a população e sensibilizar os parlamentares sobre os sérios danos que podem ser provocados pela alíquota indiferenciada da CBS

Em crise, ensino particular pode sofrer apagão, afirmam especialistas

A criação de um novo imposto, conforme previsto pela proposta de reforma tributária do governo, pode aumentar mensalidades e extinguir bolsas do ProUni

Crise na educação: reforma tributária pode aumentar mensalidades em até 10%

Levantamento do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular aponta que dez milhões de famílias terão aumento de até 10% nas mensalidades de escolas e faculdades, caso a reforma seja aprovada da maneira em que está. Setor privado está mobilizado

Mensalidade escolar deve subir com novo tributo sobre consumo apresentado por Guedes

Setor pede redução pela metade da alíquota de 12% do CBS, que ainda pode tirar 600 mil alunos de cursos universitários e afetar diretamente o programa de bolsas ProUni

Mensalidade escolar pode subir até 10,5% com reforma, diz estudo

Entidades alertam que aumento de impostos pode afetar ainda mais o orçamento de famílias e prejudicar o setor que já sente impacto da pandemia

Criação da CBS pode extinguir 161 mil bolsas do Prouni

Eliminação ocorreria porque a proposta da CBS retira a possibilidade do pagamento do PIS/Cofins através de bolsas do Prouni, um dos benefícios fiscais hoje existentes

Mensalidades escolares podem ficar até 10,5% mais caras com novo imposto, diz estudo

Acréscimo de carga tributária impactaria cerca de 10 milhões de estudantes da educação básica e do ensino superior, segundo entidade

Novo imposto pode aumentar valor das mensalidades escolares em até 10,5%

Para o setor, o novo imposto pode intensificar a migração de alunos da rede privada para escolas públicas e levar ao fechamento de unidades

Novo imposto pode aumentar valor das mensalidades escolares em até 10,5%

Folha de S.Paulo: Escolas e faculdades dizem que novo tributo vai impactar o orçamento de 10 milhões de estudantes

Reforma de Guedes pode aumentar em 10% mensalidades do ensino superior privado

Acréscimo teria impacto sobre o orçamento de cerca de 10 milhões de famílias menos favorecidas, diz estudo

Por que onerar o futuro dos jovens?

Correio Braziliense: As medidas em análise podem promover elevação tributária que se refletiria em aumento no valor das mensalidades estudantis de até 25%, argumenta o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier