Oito meses depois do início das medidas de isolamento social para conter a pandemia da Covid-19, o ensino superior vê os primeiros sinais de recuperação. Com a proibição das aulas e outras atividades educacionais presenciais, houve aumento da demanda reprimida de estudantes que pretendem ingressar na universidade no próximo ano.
A demanda atual mostra que 39,7% dos estudantes entrevistados querem começar a graduação no primeiro semestre de 2021, dado que é 24 pontos percentuais maior em relação à identificada no estudo anterior, que se referia ao segundo semestre de 2020.
A maior demanda reprimida está na região Centro-Oeste, que apresenta o percentual de 58% de estudantes que querem começar a graduação no início do ano que vem.
Entre os que pretendem cursar graduação já no início de 2021, 33% optam pelo ensino presencial, enquanto 46% manifestam interesse pelo ensino virtual. Foi identificada ainda queda desde o início da pandemia de 38% para 26% no nível de incerteza do estudante sobre quando pretende iniciar a faculdade.
Essa foi a 5ª fase da pesquisa ao longo do período de quarentena para identificar o comportamento dos estudantes e basear o planejamento das Instituições de Ensino Superior. Neste ciclo, foram consultados pela internet 1.102 homens e mulheres, entre 13 e 15 de novembro, em todas as regiões do país.
O estudo traz também informações sobre o impacto do adiamento do Enem na intenção de matrícula dos estudantes e a escolha do curso.
Área da saúde cresce
A pesquisa também identificou que quatro em cada dez estudantes que aspiram a uma vaga nas universidades na área da saúde preferem cursos presenciais.
Segundo o levantamento, entre os 15 cursos mais procurados pelos participantes estão enfermagem, psicologia, educação física, biomedicina, nutrição e fisioterapia. Os cursos da área da saúde representam mais de 73% das intenções de matrícula. Considerando apenas as graduações no modo presencial, o interesse na área da saúde alcança o percentual de 36,1% e 17,5% na EAD.
Para o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, a “preferência por formações na área da saúde expõe a crescente valorização desses profissionais durante o combate à pandemia, em especial na linha de frente de enfrentamento”.
A ABMES ressalta que a pandemia acelerou a tendência já revelada pelo Censo da Educação Superior de 2019, do INEP/MEC, de crescimento das matrículas em graduações de saúde nas instituições privadas nos últimos anos.
O desafio que se coloca é o aumento da oferta dos cursos de saúde e a adaptação deles, em especial de medicina, no modelo de ensino para o modo híbrido ou remoto, mantendo todos os requisitos de qualidade.
“Se eu quero colocar mais escala em cursos de saúde, tem que migrar para outro tipo de oferta”, diz Daniel Infante, sócio-fundado da Educa Insights.
A ABMES reitera que as instituições tem autonomia para distribuir essa oferta de acordo com a demanda e adequar as aulas às medidas de biossegurança.
O setor está confiante e avalia que os números indicam o aumento na confiança dos estudantes para retomar as atividades presenciais a partir do próximo ano. “A notícia é animadora e estamos bastante otimistas para 2021”, comentou Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES.