Detalhe

MEC autoriza ensino remoto enquanto durar pandemia

10/12/2020 | Por: Estadão | 13827
Foto: Dida Sampaio/Estadão

O Ministério da Educação (MEC) homologou a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que afirma que as escolas públicas e particulares do País podem oferecer ensino remoto enquanto durar a pandemia. O documento foi motivo de intenso debate e esperava aprovação desde outubro. Depois de longa negociação com o ministro Milton Ribeiro, o CNE tirou a data "31 de dezembro de 2021" do texto.

O ministro chegou a dizer aos conselheiros do CNE que vetaria o artigo que mencionava a extensão do ensino remoto, o que causou preocupação entre secretários de educação. Sem a resolução, havia uma lacuna sobre como as escolas poderiam operar em 2021, o que levaria à judicialização, já que a continuidade das aulas e atividades on line é dada como certa no ano que vem. A intenção do governo federal, segundo fontes, é a de estimular uma volta presencial das escolas.

Depois dos embates, a resolução diz agora que "as atividades pedagógicas não presenciais (...) poderão ser utilizadas em caráter excepcional, para integralização da carga horária das atividades pedagógicas" quando houver "suspensão das atividades letivas presenciais por determinação das autoridades locais" e "condições sanitárias locais que tragam riscos à segurança".  O documento se torna a mais importante resolução nacional sobre o assunto.
Mesmo com uma eventual redução no número de casos, secretários de educação afirmam que vai ser preciso ao menos usar o ensino híbrido. Isso porque os protocolos exigem distanciamento nas salas de aula. Para que os alunos fiquem a 1,5 metro um do outro não é possível que todos estejam ao mesmo tempo presencialmente. Não há espaço suficiente na maioria das escolas.

O texto também se refere às universidades, mas esta semana o MEC editou portaria indicando que elas voltem ao ensino presencial em março de 2021. Segundo fontes, o governo pode, perto da data, prolongar esse prazo. 

"Na prática, pode acontecer até dezembro, desde que as condições da pandemia exijam esse tipo de estratégia para garantir a aprendizagem para todos os alunos", diz a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro. Ela explica que a aprovação é importante para que as escolas organizem seu currículo contínuo, que leve em conta 2020 e 2021, já que muito deixou de ser aprendido durante a pandemia.  "Isso só será cumprido se as escolas tiverem essa flexibilidade de poder também fazer o ensino remoto, para poder oferecer os conteúdos e habilidades. Podem até ampliar a carga horária e para isso precisavam ampliar a oferta de aprendizagens", completa.

A resolução regulamenta a lei 14.040/2020 e não recomenda a reprovação este ano. Segundo o texto, as escolas devem "garantir critérios e mecanismos de avaliação ao final do ano letivo de 2020, considerando os objetivos de aprendizagem efetivamente cumpridos pelas escolas e redes de ensino, de modo a evitar o aumento da reprovação e do abandono escolar".

Algumas redes públicas já anunciaram que juntarão os dois anos letivos, como forma de não penalizar estudantes que não puderam acompanhar o ensino online. Uma delas é a rede estadual de São Paulo, que abriu matrículas para um novo 4.º ano do ensino médio para os alunos que quiserem continuar estudando em 2021.

Segundo o vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo, a homologação da resolução do "é um avanço em relação à posição anterior do ministério". "De um lado, porque garante autonomia às autoridades regionais e locais para decidir sobre a implementação do ensino remoto. De outro, porque, reconhecendo que a pandemia se extenderá por mais algum tempo, permite às redes estaduais e municipais um melhor planejamento de suas atividades para 2021, tanto do ponto de vista pedagógico como sanitário", diz ele, que é secretário do Espírito Santo.

A resolução fala ainda que deve ser decisão dos pais ou responsáveis enviar ou não os alunos para aulas presenciais e que as avaliações são facultativas às escolas durante a pandemia. Mas os que decidirem manter os filhos em atividades remotas devem se comprometer em cumprir "atividades e avaliações". Não recomenda ainda que os alunos recebam faltas já que é impossível checar a frequência durante o período de aulas remotas porque, muitas vezes, os estudantes recebem vídeos para estudar no horário que escolherem.

O texto menciona também que todos os recursos de tecnologia podem ser empregados no ensino e cita inclusive as redes sociais, como WhatsApp, Facebook, Instagram, "para estimular e orientar os estudos, pesquisas e projetos".


Conteúdo Relacionado

Notícias

MEC autoriza aulas não presenciais até dezembro de 2021

Ministro homologou parecer do Conselho Nacional de Educação

Escolas recebem aval para manter o ensino remoto no ano que vem

Parecer homologado pelo MEC permite atividades a distância em instituições de todas as redes até o fim de 2021. Aula presencial depende das cidades

"Universidades precisam voltar de forma gradual e segura", diz presidente da ABMES

MEC autoriza a volta das atividades presenciais nas faculdades públicas e privadas em todo o país em março de 2021. Presidente da ABMES diz que as universidades precisam voltar de forma "gradual e segura".

Após nova portaria do MEC, Ufes diz que retorno das atividades presenciais será "gradual e seguro"

MEC estabeleceu que as instituições de ensino superior deverão retomar as aulas presenciais a partir de 1º de março de 2021, desde que sigam os protocolos de prevenção da Covid-19.

Após críticas, MEC recua e adia para março volta das aulas presencias nas universidade

Sem ouvir dirigentes das instituições, ministro Milton Ribeiro queria retorno das atividades para o dia 4 de janeiro

MEC anuncia nova data para retorno das aulas no Ensino Superior

MEC voltou atrás e estabeleceu retorno das aulas presenciais a partir de 1º de março para instituições de ensino superior públicas e privadas. A nova portaria ainda determina que o ensino remoto integral só deve ser adotado quando governos locais suspenderem as aulas presenciais ou quando houver risco para alunos e professores.

Ministério da Educação adia para 1° de março a retomada das aulas presenciais nas universidades federais

Nova portaria foi publicada nesta segunda-feira (07/12) e define adia retorno de janeiro para março nas instituições de ensino superior

Universidades e associações ainda analisam retorno de aulas presenciais

Ministro da Educação divulgou que volta aos campus está marcado para o dia 1° de março de 2021. Entidades veem dificuldades

MEC confirma volta às aulas em março e afirma que federais concordam com a medida

MEC afirma que maioria das universidades quer volta às aulas

MEC muda previsão e adia volta às aulas presenciais em universidades para 1º de março

Portaria anterior previa retorno em 4 de janeiro. Substituição de atividades por meios digitais ocorrerá até 28 de fevereiro - mas, dependendo da situação sanitária, prazo poderá ser modificado pelo gestor local.

MEC se reúne com reitores para discutir retorno das aulas presenciais

Milton Ribeiro recebeu representantes | Pediram homologação de parecer do CNE | Texto estabelece ensino remoto até 2021

Ministro da Educação se reúne com reitores para discutir a volta às aulas nas universidades

Na quarta (2), o MEC publicou uma portaria determinando que as atividades de ensino superior deverão ocorrer a partir de janeiro de forma presencial, observando o protocolo de biossegurança para evitar o contágio pelo coronavírus. Houve forte reação das instituições de ensino superior.

MEC se reúne com reitores para discutir portaria que determina volta às aulas nas universidades

Portaria revoga autorização que equivale aulas remotas às presencias, mas condiciona o retorno aos protocolos de biossegurança; medida foi criticada. Em nota, MEC diz que vai se pronunciar 'em breve' sobre a portaria, que ainda não foi revogada.