O aumento da vacinação contra a Covid-19 impulsiona os estudantes a retomarem a intenção de cursar o ensino superior em curto prazo. Este foi uma das conclusões da pesquisa inédita “Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 – 3ª edição”, realizada pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights e divulgada pela a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). O levantamento foi apresentado nesta terça-feira (29) em seminário virtual da entidade.
De acordo com o levantamento, 39% dos entrevistados que tomaram pelo menos a 1ª dose do imunizante desejam começar a graduação no próximo semestre e 41% no início de 2022 (Figura 1). Entre os jovens que ainda não foram vacinados e participaram da pesquisa, apenas 16% responderam que têm intenção de começar seus cursos no meio do ano e 43% vão aguardar o próximo ano letivo. Os não imunizados representam o público mais inseguro, tendo em vista que 29% não se decidiu quando vão se matricular. Entre os vacinados, esse percentual é de 9%, 3,2 vezes menor.
“É a aceleração da vacina é o que vai trazer o público represado de alunos de volta. A boa notícia é que a vacinação avança. A passos lentos, mas avança. Ainda com pequeno efeito na captação de alunos no meio do ano, mas certamente, com grande efeito na captação do ano que vem”, avalia o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.
Demanda continua reprimida
No cenário geral, as perspectivas de início da graduação apresentam pequena alta. Os que querem se inscrever imediatamente – no semestre seguinte – representam 19%, uma pequena alta de 4% em comparação com o mesmo período do ano passado (Figura 2). Entre as razões para a baixa adesão imediata estão o contexto econômico desfavorável, o aumento no número de casos de contaminação do coronavírus com início da 3ª onda e o anúncio do calendário de vacinação para a faixa etária mais jovem concentrado no segundo semestre na maior parte do país.
Ainda assim, o levantamento identifica uma redução do adiamento da decisão para quando houver normalização. Há um ano, 43% dos entrevistados iriam aguardar para definir sobre a matrícula e, agora, esse grupo corresponde a 26%.
Aqueles vão aguardar um pouco mais e só começar no início de 2022 são 43%, um pouco mais que os 38% registados em março (2ª edição). Por fim, 12% têm a intenção de investir no ensino superior apenas daqui a 12 meses.
Saúde e Negócios são preferência
Duas áreas se destacam entre as preferências dos entrevistados na pesquisa realizada pela Educa Insight. Em primeiro lugar está a área da Saúde, indicada como escolha de 30% dos estudantes, sendo 38% em cursos presenciais e 18% na modalidade a distância. Em seguida, estão as ofertas de Negócios, escolhida por 20% dos participantes – 12% presencial e 30 em EAD.
"Mesmo em cursos que tenham uma maior aderência prática, é possível usar as tecnologias de forma inteligente e consiga diluir os custos de tal maneira que os valores sejam compatíveis à realidade de demanda que o mercado tem hoje. É o caso da área com maior interesse atualmente é a área da saúde, em especial, nos cursos presenciais", avaliou o sócio diretor da Educa Insights, Daniel Infante.
Também foram citadas as áreas de Direito (12%), Educação (11%), Engenharias (8%), Arte e Design (7%), Tecnologia da Informação (5%) e outros (8%) (Tabela 3).
Observatório da Educação Superior
O levantamento “Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 – 3ª edição” foi realizado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, entre 19 e 22 de junho, via internet. Foram consultados 1.212 homens e mulheres, de 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos de graduação presenciais e EAD ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.
A duas edições anteriores “Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021” foram divulgadas em fevereiro e abril, quando foram consultadas 1.024 e 1.112 pessoas, respectivamente. O acompanhamento é continuidade do estudo “Coronavírus vs Educação Superior: o que pensam os alunos e como sua IES deve se preparar” realizada em cinco etapas ao longo de 2020, quando foram ouvidos 4.490 alunos de graduação, matriculados em cursos presenciais ou EAD de instituições particulares, há pelo menos 6 meses e potenciais alunos que tenham interesse de iniciar cursos de graduação presencial ou EAD em faculdades privadas nos próximos 18 meses. Foram realizadas cinco etapas do levantamento, nos meses de março (1ª fase), abril (2ª fase), maio (3ª fase), julho (4ª fase) e novembro (5ª fase).
Números da educação superior particular
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados em outubro de 2020 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o segmento privado é responsável por 94,9% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD.
Quanto às matrículas, as IES representam 75,8% em 2019, sendo 35% na modalidade a distância (EAD) e 65%, na presencial.