O mais recente relatório do Observatório da Educação Superior, divulgado nesta terça-feira (23), mostra que 63% dos jovens entrevistados planejam iniciar uma faculdade particular no primeiro semestre de 2022. O levantamento ouviu 1.043 pessoas e também mostrou que os futuros universitários desejam um modelo pedagógico híbrido, que combine o ensino presencial e virtual.
A pesquisa, realizada pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), perguntou quando os jovens pensavam em iniciar um curso de graduação, pensando nos próximos 18 meses, e o índice registrado foi maior que o de novembro do ano passado, durante a pandemia de Covid-19, quando apenas 38% dos estudantes tinham a intenção de se matricular para o semestre seguinte.
À época, a vacinação contra o novo coronavírus havia sido anunciada, e a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), adiada para janeiro de 2021. Apesar da alta no interesse em cursar uma graduação no próximo ano, o Enem 2021 teve o menor número de inscritos desde 2005, com 3.109.762 de cadastros.
Para a pesquisa, foram consultados homens e mulheres, de 18 a 30 anos, considerados potenciais alunos de cursos presenciais e a distância em instituições particulares de ensino superior, em todas as regiões brasileiras. O levantamento realizou entrevistas pela internet, entre os dias 14 e 16 de novembro.
Entre os entrevistados que escolhem cursos na modalidade a distância, 67% querem começar imediatamente, e 13%, no segundo semestre de 2022. Quando a preferência é um curso presencial, 63% pretendem ingressar no próximo semestre e 14%, no semestre seguinte.
De acordo com o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, os resultados do levantamento "Observatório da Educação Superior – 5ª edição: Perspectivas para 2022" indicam confiança dos estudantes no cenário atual, em que quase 75% da população já foi imunizada com a primeira dose e 46% com a segunda.
"A pesquisa identifica o crescimento da confiança dos estudantes em ingressar na graduação a partir de agora, visto que muitos foram vacinados e a pandemia mostra indícios de retração no Brasil", afirma Celso.
Ensino híbrido
De acordo com o diretor da Educa Insights, Daniel Infante, os resultados validam o primeiro passo da retomada da "intenção de matrícula", no pós pandemia.
"Esse é o primeiro passo, e tem uma série de desdobramentos necessários para que a intenção [de estudos] se transforme em ingresso, como o momento da economia que impacta diretamente na renda das famílias", explica Infante.
Além disso, para os pesquisadores, as instituições de ensino superior (IES) devem se preparar para receber os alunos no próximo ano, após a experiência com o ensino remoto.
"Ficou bem claro que o futuro do ensino é híbrido e que as IES [instituições de ensino superior] devem aproveitar a oportunidade de retomada das matrículas para oferecer aos alunos uma grade inovadora com conteúdo que segue o modelo dos quadrantes híbridos", afirma Niskier.
Novo modelo pedagógico
Para os entrevistados, somente 45% da carga horária dos cursos deveria ser dedicada às aulas presenciais tradicionais. O restante deveria ser ministrado ou por aulas remotas (16%), ou por conteúdos digitais (16%) ou mesmo por trabalhos práticos em comunidades ou empresas (23%).
Segundo Niskier, esses números refletem que o estudante quer o modelo híbrido, que combina duas ou mais formas de ensinar e aprender.
Impacto do resultado do Enem
Os resultados das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão previstos para o final de janeiro de 2022. A nota da avaliação é essencial para programas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e Financiamento Estudantil (Fies), além de ser usado pelas IES para concessão de bolsas e descontos nos valores das matrículas.
De acordo com a pesquisa, as mudanças das regras nos programas do Governo Federal esvaziaram a procura e entre os entrevistados, e apenas 10% pretende usar a nota do exame para se candidatar a uma bolsa do ProUni.
Em contrapartida, 79% dos entrevistados têm a expectativa de conseguir o melhor desconto ou bolsa possível direto com a instituição de ensino superior.
Números da educação superior particular
Segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior divulgados Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2019, o segmento privado é responsável por 94,9% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e à distancia.
Quanto às matrículas, as faculdades representam 75,8% em 2019, sendo 35% na modalidade a distância (EAD) e 65%, na presencial.