Jovens com vontade de fazer o ensino superior decidiram começar os estudos no início de 2022. Segundo a “Observatório da Educação Superior – 5ª edição: Perspectivas para 2022”, 63% dos entrevistados declararam planejar o início da faculdade neste momento. Em novembro do ano passado, ainda sem perspectiva de vacinação, o percentual para começar a graduação no primeiro semestre de 2022 era de apenas 38%, 25 pontos percentuais a menos do que agora.
O levantamento foi realizado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) também identifica o desejo dos universitários por um modelo pedagógico híbrido, unindo o melhor do presencial e do virtual.
Na avaliação da ABMES, a vacinação de 61% da população plenamente vacinada e a aplicação do Enem no cronograma habitual, com divulgação das notas prevista para início do próximo ano estimulam o ingresso neste momento.
— A pesquisa identifica o crescimento da confiança dos estudantes em ingressar na graduação a partir de agora, visto que muitos foram vacinados e a pandemia mostra indícios de retração no Brasil — afirma Celso Niskier, diretor presidente da ABMES.
Na análise do fundador e diretor da Educa Insights, Daniel Infante, os resultados validam o primeiro passo da retomada da intenção de matrícula, atitude esperada e acompanhada pela empresa de pesquisa desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020.
— Esse é o primeiro passo e tem uma série de desdobramentos necessários para que a intenção se transforme em ingresso, como o momento da economia que impacta diretamente na renda das famílias — explicou.
Para os alunos pesquisados, somente 45% da carga horária dos cursos deveriam ser dedicadas às aulas presenciais tradicionais. O restante deveria ser ministrado ou por aulas remotas (16%), ou por conteúdos digitais (16%) ou mesmo por trabalhos práticos em comunidades ou empresas (23%).
Esses números, de acordo com a ABMES, refletem que o estudante quer o modelo híbrido, que combina duas ou mais formas de ensinar e aprender.
— Existem diversos cenários possíveis para a educação híbrida, mas o conceito sugerido de quadrantes híbridos sintetiza a materialização do hibridismo nas salas de aula e auxilia as IES na construção de novos projetos pedagógicos que dialoguem com a nova realidade — explica Niskier.
O modelo de quadrantes híbridos considera dois eixos: espaço (presencial ou virtual) e tempo (síncrono ou assíncrono). Ambos resultam em quatro quadrantes de possibilidades didático-pedagógicas: atividades presenciais e síncronas (PS), atividades virtuais e síncronas (VS), atividades presenciais e assíncronas (PA) e atividades virtuais e assíncronas (VA).
Sendo assim, só será considerado ensino híbrido se abordar dois ou mais quadrantes e em sintonia com o processo de formação acadêmica. A partir de cada um deles é possível planejar diversas atividades didático-pedagógicas que dialoguem com aquela realidade, como aulas expositivas (presenciais ou remotas), projetos científicos, laboratórios presenciais e virtuais, simulações e bibliotecas digitais.
Assim, um conteúdo de um curso de saúde pode ter coleta de dados e realização de exames na comunidade (quadrante presencial síncrono), análise dos exames em laboratório feita pelos alunos sob a tutela de um técnico (quadrante presencial assíncrono), uma aula online ao vivo com a apresentação dos resultados obtidos pelos alunos (quadrante virtual síncrono) e tarefas para o aluno elaborar relatórios e aprofundar no tema teórico (quadrante virtual assíncrono).