A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, também é responsável por uma mudança comportamental, de educação e no campo de trabalho. A herança deixada pelo mal que atingiu de forma mortal toda a humanidade poderá ser muito notada, por exemplo, na educação a distância. E, especificamente, na área de saúde.
Os cursos de graduação na área de saúde se tornaram os mais procurados por novos alunos, segundo o Censo da Educação Superior 2020. E de acordo com a pesquisa Observatório do ensino superior: análise dos microdados do Censo da Educação Superior 2020, na educação a distância, formações em saúde cresceram 78% em relação a 2019. Ou seja, 78.527 estudantes a mais em 2020.
Em termos percentuais, nenhuma outra área cresceu tanto. Em números absolutos, perdeu somente para o setor de negócios (administração, economia, contabilidade etc), que teve 131.092 novos estudantes (22% de crescimento em relação a 2019).
“Muitas pessoas entenderam a própria vocação naqueles heróis da pandemia”, aponta Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), responsável pelos números do observatório ao lado da consultoria Educa Insights.
Segundo Niskier, essa é uma das muitas razões do crescimento de novos alunos de EAD na área de saúde. Somam-se a isso a necessidade de ser um setor em que o diploma é exigido para a prática e o nascimento de uma era das pandemias. “Temos que lembrar que a pandemia até pode passar, mas as sequelas ficam”, afirma.
No geral, sejam em cursos presenciais ou on-line, matrículas em psicologia, odontologia, medicina, medicina veterinária e biomedicina, entre outras, cresceram muito. Mas os percentuais em EAD são impressionantes: houve aumento de 190% nos novos alunos de biomedicina e de 416% em farmácia.
Futuro no EAD
Niskier afirma que o Censo da Educação Superior 2020 só confirma os números previstos Abmes ainda no fim de 2019. O Censo aponta que de 3,7 milhões de alunos que entraram em escolas públicas e privadas, 53,4% escolheram a graduação on-line e 46,6%, o presencial. Na verdade, nos últimos 10 anos, houve um decréscimo de 13,9% nas matrículas presenciais, enquanto o EAD cresceu 428,2%.