Cinco meses após a volta às aulas em 2022, o ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, afirmou que lançará nesta semana uma política nacional de recuperação de aprendizagens perdidas por conta da pandemia. O anuncio foi feito nesta quinta-feira na abertura do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP). Segundo ele, a política terá três eixos: recuperação de aprendizagens, combate à evasão e estímulo ao uso de tecnologia nas escolas.
— Estamos formulando um projeto audacioso para preparar melhor esses estudantes que lá na frente vão ingressar no ensino superior — afirmou Veiga, sem dar mais detalhes do programa.
A falta de uma orientação central do Ministério da Educação no combate às consequências de quase dois anos de escolas fechadas ou em sistema híbrido é uma das principais críticas de especialistas ao enfrentamento do governo federal à pandemia.
O ministro participou do encontro de forma virtual. Ele chegou a voar até Florianópolis, onde é realizado o evento, mas precisou voltar para Brasília para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro.
— Esse ano exigirá um esfoço adicional para superarmos os desafios que se colocam à nossa frente. A pandemia afetou os sistemas educacionais de todo mundo com o fechamento de escolas, em especial na educação básica — afirmou.
Godoy afirmou ainda que o país está perto de bater a meta 12, do Plano Nacional de Educação, que é elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos. Em 2020, o índice já era de 48,6%.
- Estamos próximos de atingir a meta e o mercado privado tem a maioria das matrículas - afirmou.
No evento realizado pelo setor de universidades privadas, Godoy afirmou ainda que está revisando os fluxos regulatórios e que deve anunciar, em breve, "mudanças com redução de burocracia e prazos". Ele ainda anunciou que as avaliações virtuais in loco, que foram adotadas antes da pandemia, serão mantidas.
A avaliação virtual in loco foi a alternativa encontrada pelo Inep para sanar as demandas reprimidas de avaliação externa nas IES durante a pandemia da Covid-19. Até a implementação do modelo virtual, 857 processos de avaliação institucional e de cursos estavam estagnados. As visitas virtuais começaram em abril de 2021 e fechou o ano com 3.686 avaliações, sendo 3.111 virtuais e 575 presenciais.
Victor Godoy era secretário executivo do MEC desde julho de 2020, mesmo período em que Milton Ribeiro assumiu o comando do órgão, e foi nomeado ministro interinamente em março após a saída de Ribeiro. Em abril, ele foi oficializado no cargo.
Milton Ribeiro deixou o ministério após polêmica envolvendo o repasse de verbas da pasta a municípios escolhidos por dois pastores sem ligação com o ministério.
Antes de ser convidado para assumir a secretaria-executiva do MEC, Godoy Veiga fez carreira como auditor federal de finanças e controle da Controladoria-Geral da União (CGU), onde trabalhou de 2004 a 2020.