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Matrículas em politécnicos cresce 30%

04/11/2022 | Por: Valor Econômico | 2129

Em Portugal, 36,6% dos alunos fazem sua graduação em Institutos Politécnicos. Trata-se de uma modalidade de curso de ensino superior focado mais no mercado de trabalho semelhante ao técnologo, que é oferecido no Brasil e tem uma duração que varia de dois a três anos.

Nos últimos sete anos, o número de matrículas nos politécnicos aumentou 30,2% para 158,6 mil. Para efeitos de comparação, o volume de estudantes nas universidades cresceu 17% no mesmo período, segundo dados da Direção Geral de Educação (DGE) do Ministério da Educação de Portugal.

Como ocorre no sistema educacional de Portugal, a maior parte dos alunos está matriculada na rede pública. Apesar de ser ligada ao governo, há uma cobrança de uma taxa anual que é de € 697 aos portugueses. Para os estrangeiros, oscila de € 4 mil a € 7 mil, por ano, conforme o tipo de curso.

“Há uma oferta maior de institutos politécnicos distribuídos em várias regiões do país, o que acaba atraindo muitos alunos que não querem se deslocar de suas cidades. Além disso, há aqueles que buscam cursos com formação mais prática”, disse Armando Pires, diretor de relações internacionais do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).

No país há 27 institutos politécnicos públicos que juntos possuem 132,7 mil alunos. A rede privada conta com 42 escolas particulares, com 25,8 mil matriculados.

Um curso politécnico tem duração de três anos, o que permite o aluno a trabalhar como técnico na área que estudou. Caso faça mais dois anos de curso, ele pode obter um diploma de bacharelado, que em Portugal é denominado licenciatura. “Um curso de engenharia feito na universidade, por exemplo, não permite que o aluno trabalhe a partir do terceiro ano. No politécnico, ele já pode atuar como técnico”, explicou Pires.

Mas essa modalidade de curso também enfrenta desafios. Os Institutos Politécnicos não são autorizados a ofertar algumas graduações como medicina, direito e psicologia, além de doutorado. Há uma discussão no Parlamento português para que os Politécnicos se transformem em universidades e, consequentemente, possam ofertar esses cursos. No entanto, há 

Mesmo com demandas por uma aprendizagem mais prática, as universidades ainda têm mais prestígio em Portugal. É comum alunos de cursos politécnicos pedirem transferência para universidades.

“Há casos em que eles migram para cursos de outros áreas, só interessados em estar em uma universidade. Mas isso não dá certo porque eles se formam numa área do qual não tem vocação”, disse Jorge Conde, presidente do Politécnico de Coimbra.

Para reverter comparações com as universidades, os politécnicos investem em pesquisas científicas - um ponto que os distingue dos cursos tecnólogos brasileiros. O Politécnico do Porto, por exemplo, tem 25 centros de pesquisas, sendo alguns financiados por empresas e outros pela própria instituição. “Somos a sétima maior instituição de ensino superior em produção científica no país”, disse Carlos Ramos, pró-presidente do Politécnico do Porto, que tem cerca de 20 mil alunos.