Nas discussões sobre a reformulação do programa de financiamento estudantil (Fies) que estão sendo tratadas com o governo, o setor de ensino superior está defendendo várias mudanças. Entre elas, estão o aumento nos limites de renda, concessão de financiamento de 100% da mensalidade, amortização do empréstimo atrelada ao rendimento do aluno após formado, carência de pagamento para aqueles que perderem o emprego e priorizar o Fies para carreiras de maior empregabilidade.
A Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) vem pedindo que o financiamento seja estendido a alunos com renda per capita acima de três salários mínimos. Hoje, o Fies atende o público com rendimentos entre 1,5 e 3 salários e na maioria dos casos financia 50% da mensalidade.
Já no ProUni, programa em que a faculdade concede bolsas a estudantes em troca de isenção de impostos, há duas propostas. Uma delas é permitir que alunos com renda per capita de até 3 salários consigam uma bolsa integral. Hoje, esse benefício só é acessível àqueles com ganhos de até 1,5 salário. A outra sugestão é a criação de uma terceira edição do Proies, programa para faculdades com passivo tributário que permite converter até 90% das dívidas em bolsas do ProUni. Para a Abmes, com a retomada do programa pode ser possível criar 300 mil bolsas.
Segundo Celso Niskier, presidente da Abmes, as alterações no Fies podem ampliar o número de inscritos e reduzir taxas de inadimplência. Atualmente, menos da metade das vagas do programa são preenchidas, uma vez que o aluno com renda de até 3 salários mínimos, muitas vezes não consegue obter nota mínima exigida no Enem. Até março, a inadimplência do Fies somava R$ 11 bilhões.
A demanda pelo programa estudantil do governo vem caindo enquanto a procura pelo crédito universitário privado cresce
No primeiro semestre, o Fies recebeu 205,1 mil inscritos para 67,3 mil vagas ofertadas. Mas, a expectativa é que só a metade seja efetivamente preenchida. Já o Pravaler, crédito estudantil privado, recebeu 500 mil interessados nos últimos três meses e a estimativa é que esse número atinja 1,3 milhão no fim do ano.
“Atendemos públicos com a mesma renda do Fies, o sistema de contratação do nosso financiamento é menos burocrático. Além disso, ampliamos a oferta de produtos e de faculdades parceiras”, disse Beto Dantas, diretor de operações do Pravaler. A diferença para o Fies é que a empresa tem critérios de risco mais rigorosos na concessão de empréstimo. O Pravaler se reuniu com o MEC para apresentar seu modelo de negócio. “O MEC está aberto para ter uma empresa privada fazendo esse trabalho de acompanhamento de dados”, disse Dantas.