![Gabriel Mario Rodrigues 1](/wp-content/uploads/2013/07/Gabriel-Mario-Rodrigues-1-150x150.jpg)
"O pregar, que é falar, faz-se com a boca; o pregar, que é semear, faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras." (Pe. Antonio Vieira, Sermão da Sexagésima, 1655.)O semáforo é chamado de “sinal luminoso” em Portugal, de “sinal” no Rio de Janeiro, de “sinaleira” em alguns estados do nordeste e de “farol” em São Paulo. Policiais criaram em meados do século 19, em Londres, um artefato controlador para organizar o trânsito de carroças, cavalos, vagões e pessoas: uma lanterna a gás com luzes nas cores vermelha e verde e dois braços de madeira que eram por eles manobrados. De dia, se estivessem na horizontal, todos deviam parar. Se levantados, podiam passar. À noite, a luz verde das lanternas significava passagem e o vermelho parada. Depois de um mês, devido ao vazamento de gás, houve uma explosão que deixou o "invento" sem uso por muitos anos. [caption id="attachment_7279" align="alignright" width="313" caption="Primeiro semáforo de Berlim"]
![Primeiro semáforo de Berlim](http://abmeseduca.com/wp-content/uploads/2013/11/Semaforo-de-Berlim.jpg)
em qualquer avaliação que se faça, o resultado obedecerá ao princípio de Gauss. Teremos sempre, nos extremos, cerca de 20% de instituições com nota “4” e “5” e 20% com nota “1” e “2”. No meio, teremos 60% com notas “3”. Vamos então criar uma fórmula matemática para induzir a estes resultados e somente aqueles cursos que tirarem notas “1” e “2” é que serão avaliados presencialmente.Com base nessa orientação, o estatístico Reynaldo Fernandes, então presidente do Inep/MEC, concebeu os indicadores preliminares, CPC e IGC, para sinalizar as IES que precisariam receber as visitas in loco. Com a criação da Seres/MEC, uma das primeiras providências foi a de aproveitar tais indicadores para orientar a aplicação de medidas de caráter legal: “Termo de Saneamento de Deficiências”, redução de vagas, perda de autonomia e suspensão definitiva de processos, dentre outras. O lado perverso de tudo isso é que os indicadores provisórios – que a mídia e a maioria da população não sabem o que representam – tornaram-se formadores de rankings e de parâmetros de normas legais. Na essência, a Lei do Sinaes vem sendo descumprida e, consequentemente, a experiência adquirida por todo o esforço avaliativo não agrega valor ao processo. Este desconsidera a heterogeneidade das IES, as desigualdades regionais e os diferentes níveis sociais, econômicos e culturais dos alunos. O MEC confunde os faróis e ignora os “sinaes” de cuidado, de atenção e de advertência, ao usar uma mesma régua como medida num país desigual. Tal como o artefato londrino, deixa escapar o gás... Em suma, a grande oposição entre a prática do MEC na área da avaliação e o que prevê a Lei do Sinaes impede a geração de grandes mudanças, exatamente aquelas “que atingem o coração”.
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Garrett_Morgan
[2] Participaram do encontro com o Fórum: Jorge Messias da Secretaria de Supervisão e Regulação da Educação Superior (Seres/MEC) e Luiz Cláudio Costa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).