Minorias étnicas, uso de tecnologia e educação

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

04/05/2021 | 7037

Minorias étnicas, uso de tecnologia e educação

Por Carmem Tavares*

Os protestos que se seguiram à morte sem sentido de George Floyd em Minneapolis fizeram milhões refletirem sobre seu próprio papel na perpetuação da desigualdade social e do racismo sistêmico, sobretudo do acesso das minorias as tecnologias na educação.

Obum Ekeke, líder global em relações universitárias e parcerias de educação na DeepMind Technologies, uma empresa britânica, com o foco em pesquisas e desenvolvimento AI (Inteligência Artificial)  afirmou que em 2021 a empresa deverá agir de acordo com a responsabilidade social recém compreendida atuando em diversos setores, disciplinas, projetos e industrias a fim de buscarem um aprofundamento na compreensão dos problemas sistêmicos colaborando no encontro de soluções significativas, o que levará a uma mudança real na ciência e na tecnologia.

Para Obum Ekeke, o grande problema da diversidade, onde negros não possuem acesso a tecnologia, começa na educação. No Reino Unido apenas 3% da força de trabalho em tecnologia é composta por negros e sabe-se que, como no Brasil essa disparidade inicia muito antes dos negros chegarem ao mercado de trabalho. Apenas 2,6% dos membros do conselho de empresas de tecnologia do Reino Unido são de minorias étnicas, infelizmente no Brasil não temos ainda pesquisas tão específicas. Mas, sabe-se que a maioria da população é negra, contudo, a maior parte dos universitários, especialmente em instituições públicas não é negra. A maioria da população é negra, mas os negros não ganham os maiores salários. São fatores que definem o conceito de desigualdade.

As tentativas de abordar essa ausência crítica de representação são em 2021 o foco principal das estratégias empresariais na Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, esperamos que o Brasil trace também suas estratégias de inclusão.

A tendencia é que em todo o mundo as organizações assumam compromissos no sentido de delinear estratégias viáveis ??para aumentar a representação interna das minorias étnicas em seus quadros de trabalho. Uma das ênfases deve ser a de campanhas e ações que propiciem a eliminação do preconceito nos processos de contratação, promoções a avaliação de desempenho de candidatos negros. Para tanto é necessário proatividade para conseguirem estender sua comunicação fora de suas redes tradicionais identificando talentos de outras origens.

Dentro da academia e em outros campos que exigem qualificações em nível de pós-graduação, como IA, medidas concretas precisam ser tomadas para aumentar o interesse e consequentemente o número de negros nas carreiras de ciência e tecnologia.

Se fizermos uma pesquisa sobre o número de professores universitários com pós-graduação (mestrado e doutorado) em ciências da computação certamente ficaremos surpreendidos. Um desafio agravado por currículos estreitos, representatividade insuficiente em posições de liderança, falta de opções para alunos promissores e financiamento mínimo para estudos de pós-graduação.

Muitas instituições estão fazendo um ótimo trabalho pelo mundo a fora, entre elas cabe ressaltar a OpenAI, empresa de AI de Elon Musk, que oferece bolsas de estudo para pessoas de grupos  sub-representados que desejam estudar aprofundadamente as carreiras de tecnologia. A DeepMind, empresa citada no início do texto, colaborou com mais de 20 universidades em todo o mundo para expandir seu próprio programa de bolsas - que está focado em aumentar a representação no nível de pós-graduação por meio de orientação e apoio financeiro.

Além da educação, instituições do terceiro setor que atuam em prol da inclusão social e contra a injustiça racial encontram em 2021 a especial possibilidade para criarem oportunidades para acadêmicos negros. Estamos diante de mudanças significativas e o Brasil não pode ficar de fora. Sua instituição está pensando sobre isso?

 

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*Carmem Tavares é Gestora Educacional e de Inovação com 28 anos de experiência no mercado educacional privado brasileiro em instituições de diversos portes e regiões

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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