Do P&D ao Mercado: O Paradigma na História da Inovação

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

16/07/2024 | 758

Do P&D ao Mercado: O Paradigma na História da Inovação

Por Carmen Tavares*

Inovação e Design Thinking: História e Equilíbrio entre Tecnologia e Demanda de Mercado

A inovação sempre oscilou entre o impulso tecnológico – direcionado por avanços científicos – e a antecipação das demandas de mercado.

No histórico da inovação de 1945 a 1970, prevaleceu a ideia de que a inovação era impulsionada pela ciência. No século XXI, o foco mudou para o empreendedorismo, que antecipa oportunidades de mercado. Este texto explora como equilibrar o entusiasmo por novas tecnologias com uma abordagem centrada no usuário.

O debate sobre inovação tecnológica versus demanda de mercado questiona se as ideias inovadoras devem surgir de P&D ou das necessidades do mercado. A contribuição da universidade para o debate sobre inovação tecnológica versus demanda de mercado é fundamental e multifacetada. Enquanto algumas escolas de pensamento argumentam que a inovação deve ser impulsionada por pesquisa e desenvolvimento (P&D) intensivos, outras defendem que ela deve surgir diretamente das necessidades percebidas no mercado. Universidades desempenham um papel crucial ao servir como incubadoras de ideias, tanto através de suas pesquisas avançadas quanto de parcerias colaborativas com empresas e setores produtivos. Em primeiro lugar, as universidades são centros de pesquisa por excelência, dedicando recursos significativos para explorar novos conceitos e tecnologias. Através de programas de P&D financiados tanto internamente quanto por órgãos governamentais e privados, elas geram conhecimentos que podem catalisar avanços disruptivos. Essas pesquisas muitas vezes transcendem as limitações imediatas do mercado, explorando fronteiras desconhecidas e desafiando paradigmas estabelecidos. Além disso, as universidades atuam como catalisadores de inovação ao fomentar uma cultura de colaboração e criatividade entre estudantes, professores e profissionais da indústria. Programas de incubação de startups e centros de transferência de tecnologia facilitam a transição de descobertas acadêmicas para aplicações práticas. Essa interação direta com o mercado permite que as universidades compreendam melhor as demandas e desafios enfrentados pelo setor produtivo, direcionando suas pesquisas para áreas de necessidade real.

Assim, a contribuição da universidade vai além do simples debate entre P&D e demanda de mercado. Ela oferece um terreno fértil onde a inovação pode florescer através da sinergia entre teoria e aplicação prática, preparando o caminho para soluções que não apenas atendem às demandas presentes, mas também antecipam e moldam as necessidades futuras do mercado global.

Durante o período entre 1945 e 1970, o modelo linear "da ciência ao mercado" dominou o cenário tecnológico, com grandes empresas como AT&T, General Electric e Philips investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Neste contexto, as universidades desempenharam um papel fundamental ao fornecer uma base sólida de pesquisa científica. Por meio de programas de pós-graduação e parcerias estratégicas, as instituições acadêmicas não apenas formaram talentos especializados, mas também colaboraram diretamente em projetos que impulsionaram avanços tecnológicos significativos.

No entanto, após 1970, esse modelo enfrentou limitações. Empresas como Philips e Motorola começaram a produzir tecnologias cada vez mais complexas, muitas vezes à frente das demandas do mercado. Surge então uma mudança de paradigma, onde a inovação passa a ser mais orientada pelo mercado do que pela pura pesquisa científica. A partir de então, as universidades precisaram adaptar suas estratégias.

Para enfrentar os desafios contemporâneos de inovação, é crucial adotar uma abordagem que integre tanto o avanço tecnológico quanto a demanda de mercado de maneira equilibrada. Este equilíbrio não apenas permite a criação de soluções que são tecnicamente avançadas, mas também verdadeiramente úteis e desejadas pelos consumidores. As universidades desempenham um papel vital nesse cenário, servindo como centros de excelência onde a teoria se encontra com a prática, preparando o terreno para soluções inovadoras que não só respondem às necessidades presentes, mas também moldam as futuras demandas do mercado global. Assim, a colaboração entre P&D intensivo e uma compreensão profunda das necessidades do mercado emerge como a chave para um futuro de inovação sustentável e relevante.

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*Maria Carmen Tavares Christóvão é Mestre em Gestão da Inovação com área de pesquisa em Inovação Educacional. Diretora da Pro Innovare Consultoria de Inovação atuou como Reitora, Pró Reitora e Diretora de Instituições de Ensino de diversos portes e regiões no Brasil.  www.proinnovare.com.br 

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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