IoT: Oportunidades e Desafios na Formação Acadêmica

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

03/09/2024 | 773

IoT: Oportunidades e Desafios na Formação Acadêmica

Por Carmen Tavares*

A Internet das Coisas (IoT) é uma tecnologia inovadora que conecta dispositivos físicos à rede global, permitindo a comunicação e o compartilhamento de dados em tempo real. Esta inovação não só otimiza operações em diversos setores, mas também se destaca como um importante impulsionador do crescimento econômico. A combinação da IoT com a computação em nuvem é o pilar central da nova era digital, criando um mercado de grande valor e expansão contínua. Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, nações da União Europeia e o Japão, já implementam estratégias detalhadas para formar profissionais qualificados nessa área, ajustando seus sistemas educacionais às exigências da indústria. A China, por sua vez, também tem investido consideravelmente na educação, modernizando seus conceitos e exigindo que a formação profissional acompanhe o desenvolvimento industrial e do segmento de serviços.

Embora a IoT seja um dos cursos mais procurados nas universidades mundo a fora, a qualidade do ensino nessa área ainda enfrenta desafios significativos. A era digital evoluiu rapidamente, mas a qualidade do ensino em muitos casos não acompanhou essa transformação. Há uma ênfase excessiva na teoria em detrimento da prática, com o processo educativo frequentemente vinculado a materiais didáticos tradicionais. Esse desequilíbrio entre teoria e prática resulta em uma desconexão entre a formação acadêmica e as exigências reais do mercado, deixando os graduados bem preparados teoricamente, mas com habilidades práticas insuficientes.

Para enfrentar os desafios identificados, é essencial adotar uma estratégia de formação robusta que prepare os estudantes para o mercado de trabalho. A capacitação em IoT deve focar em três objetivos principais:

  • Participação Ativa do Setor Empresarial: As empresas devem estar intensamente envolvidas no processo educativo, fornecendo feedback constante sobre as demandas do mercado e colaborando na elaboração dos programas de ensino.
  • Revisão dos Critérios de Admissão e Seleção de Alunos: As universidades precisam revisar seus critérios de admissão, buscando selecionar candidatos com potencial para se destacar na área de IoT e fornecendo uma formação de alto nível.
  • Fortalecimento das Habilidades Práticas dos Estudantes: É fundamental integrar teoria e prática, promovendo a inovação e a resolução de problemas reais. O objetivo é que os alunos saiam da universidade com competências práticas sólidas e prontos para enfrentar os desafios do mercado de trabalho.

O processo de capacitação em IoT deve ser organizado em várias fases, desde a preparação inicial até a colaboração com empresas parceiras. As etapas incluem:

  • Preparação Inicial: Visitas a empresas e centros de prática para compreender plenamente as necessidades de profissionais, além de ajustar o currículo universitário para atender a essas demandas.
  • Parcerias Universidade-Empresa: As universidades devem colaborar estreitamente com empresas para criar oportunidades práticas que diminuam a lacuna entre a educação e as exigências do mercado.
  • Programas de Treinamento Empresarial: Empresas parceiras devem oferecer programas de capacitação que complementem a formação acadêmica, proporcionando aos alunos experiências práticas relevantes.

Inovação na Abordagem Educacional em IoT

A inovação na abordagem educacional é crucial para alinhar o currículo às necessidades do mercado de trabalho. A metodologia de ensino deve evoluir para incluir uma combinação equilibrada de teoria e prática. Embora a teoria seja essencial para fornecer uma base sólida de conhecimento, é vital que os alunos desenvolvam habilidades práticas por meio de atividades práticas e projetos.

Para isso, as seguintes medidas devem ser implementadas:

  • Aprimoramento do Conteúdo Programático: As universidades devem seguir as diretrizes nacionais de educação, mas também ter a flexibilidade de atualizar os materiais didáticos para incluir as mais recentes inovações tecnológicas.
  • Otimização dos Recursos Educacionais Disponíveis: Os cursos devem ser planejados para maximizar o uso dos recursos disponíveis, incluindo métodos de ensino que incentivem a preparação prévia e a revisão contínua dos conteúdos.
  • Desenvolvimento de um Corpo Docente de Excelência: A qualidade do ensino está diretamente ligada à competência dos professores. Portanto, é crucial investir na formação contínua dos docentes, garantindo que estejam atualizados com as últimas tendências e tecnologias.

Uma das principais críticas ao ensino de IoT é a falta de foco na prática. Para resolver isso, as universidades devem adotar uma abordagem que incentive a prática constante e a inovação. Os estudantes precisam ter a oportunidade de aplicar o que aprenderam em situações reais, o que não só reforça o conhecimento teórico, mas também desenvolve habilidades práticas essenciais. Algumas ações para alcançar esse objetivo incluem:

  • Incentivar a Preparação Prévia: Os alunos devem ser incentivados a revisar o conteúdo antes das aulas para que possam participar ativamente durante as atividades em sala.
  • Práticas Regulares e Revisões: Após as aulas, os estudantes devem realizar exercícios que reforcem o aprendizado e ajudem a identificar áreas que necessitam de melhorias. A prática contínua é fundamental para o domínio das competências.
  • Feedback Contínuo: Os alunos devem receber feedback detalhado sobre suas respostas para que possam aprender com os erros e melhorar de forma constante.

Para que a formação em IoT seja eficaz, é necessário que as universidades invistam em infraestrutura adequada. A construção de laboratórios especializados e recursos que permitam uma aprendizagem prática eficaz torna-se necessário. Esses investimentos não só melhoram as habilidades práticas dos estudantes, mas também aumentam seu interesse pela área, tornando o aprendizado mais envolvente e relevante.

Com o avanço da tecnologia, o aprendizado online tornou-se uma ferramenta importante na educação em IoT. No entanto, desenvolver um sistema de aprendizagem online eficaz requer planejamento cuidadoso. O ensino online deve ir além da simples replicação do conteúdo das aulas presenciais, servindo como uma extensão do aprendizado que permite aos alunos explorar tópicos com maior profundidade. Para aqueles que desejam se aprofundar em temas específicos, a educação online oferece acesso a uma vasta gama de recursos.

A avaliação da aprendizagem é uma parte essencial do processo educacional, permitindo medir o que os alunos aprenderam ao longo do tempo. No entanto, é necessário reformar os métodos de avaliação para melhor refletir as habilidades práticas e teóricas dos estudantes. 

Enfim, a formação em IoT é uma área em rápida expansão que exige uma abordagem educacional inovadora para atender às necessidades do mercado de trabalho. As universidades devem estar preparadas para adaptar seus currículos, investir em infraestrutura e desenvolver parcerias eficazes com empresas. Além disso, é crucial que os métodos de ensino evoluam para incluir um equilíbrio adequado entre teoria e prática, preparando os estudantes para não só compreender os conceitos teóricos, mas também para aplicá-los em situações reais. Com essas reformas, os cursos de IoT estarão mais alinhados com as demandas do mercado, garantindo que os graduados estejam prontos para enfrentar os desafios da indústria e contribuir de maneira significativa para o avanço tecnológico.

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*Maria Carmen Tavares Christóvão é Mestre em Gestão da Inovação com área de pesquisa em Inovação Educacional. Diretora da Pro Innovare Consultoria de Inovação atuou como Reitora, Pró Reitora e Diretora de Instituições de Ensino de diversos portes e regiões no Brasil.  www.proinnovare.com.br  

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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