Pegas de surpresa pelas novas – e mais rígidas – regras do Fies, o fundo de financiamento estudantil, as universidades particulares encontraram no crédito privado uma alternativa à demanda reprimida de milhares de estudantes que não conseguiram o crédito do governo federal. Em alguns casos, as instituições se propõem a subsidiar até 100% dos juros do financiamento para garantir a permanência dos alunos matriculados.
INFOGRÁFICO: Simulação mostra que financiamentos das universidades são mais vantajosos que o Fies
As inscrições para o Fies do segundo semestre foram encerradas na última quinta-feira (6) e os novos contratos firmados neste ano devem cair pela metade em relação a 2014. No primeiro semestre,178 mil pessoas tiveram o financiamento recusado. Com isso, instituições de ensino privadas tiveram de se adaptar rapidamente para não perder matrículas. “O maior prejudicado foi o estudante que se matriculou contando com o financiamento e teve sua expectativa frustrada. Houve um transtorno muito grande para a sociedade e as instituições”, diz o diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Sólon Caldas.
Segundo Viviany Silva, coordenadora do setor de bolsas e financiamentos das Faculdades Opet, as instituições, que até faziam campanhas divulgando a facilidade do Fies, tiveram de pensar em alternativas. A faculdade, por exemplo, aumentou para 200 vagas o programa Fic Opet, que financia 50% da mensalidade, além de firmar parceria com o Pravaler, maior crédito educacional privado do país. “Ampliamos as vagas do financiamento interno para não deixar desassistidos os alunos que já estavam matriculados”, diz.
Com 200 instituições parceiras no país e 12 no Paraná, o Pravaler, programa da Ideal Invest, financia 100% da mensalidade e as universidades subsidiam integral ou parcialmente os juros – que, neste último caso, têm taxa média de 1,35% ao ano para o universitário. “É um esforço para que o aluno tenha oportunidade nesse momento que o país atravessa”, diz Afrânio Custodio Júnior, diretor de Marketing da Universidade Tuiuti, também parceira do Pravaler. No programa, o estudante paga 50% da mensalidade, durante o dobro do tempo de duração do curso.
Procura cresce
Segundo Rafael Baddini, diretor de marketing da Ideal Invest, a busca de instituições e alunos pelo financiamento do programa disparou neste ano. “A procura aumentou em sete vezes.” Atualmente, o Pravaler está disponível para mais de 2 milhões de pessoas. “O programa do governo não absorveria toda essa demanda e o crédito privado aparece para ampliar o acesso do público ao ensino superior”, diz Rafael.
Não há um limite de vagas para o programa e o aluno pode aderir desde que se enquadre nas condições. O estudante não pode ter o nome negativado, deve apresentar um fiador na mesma condição e a soma da renda de ambos deve ser de pelo menos o dobro do valor da mensalidade do curso.
Programa público
As novas regras do Fies reduziram a margem de estudantes com chance de financiamento:
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* Só podem se inscrever alunos que tenham alcançado ao menos 450 pontos no exame do Enem (feito a partir de 2010) e não tenham zerado a redação.
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* A renda familiar mensal deve ser de até 2,5 salários mínimos (R$ 1.970) por pessoa.
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* As instituições têm de ofertar desconto de 5% na mensalidade para os estudantes com contrato do Fies.
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* Cursos com notas 4 e 5 no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) têm prioridade.
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* Cursos das áreas de engenharia, saúde e formação de professores têm prioridade.
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* As taxas de juros passam de 3,4% para 6,5% ao ano.
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* As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, exceto o Distrito Federal, terão vantagem.