O perfil dos egressos da Educação Superior no Brasil entre os anos de 2015 e 2016 acaba de ser traçado em recente estudo realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insights, considerando informações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), do Censo da Educação Superior 2015 e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de trazer dados inéditos coletados em pesquisa primária.
De acordo com o levantamento, a maioria dos egressos do País vêm da classe B2C. Oriundos de escolas públicas, têm mais de 25 anos de idade e são solteiros. Em sua maior parte (78%), eles são os primeiros formados na família. Além disso, a pesquisa identificou que, se até 2014 os egressos eram, em sua maioria, do sexo feminino (59%), nos últimos dois anos essa taxa passou para 50%.
Já no que se refere à média do período de conclusão, de 2010 a 2015, apenas 42% dos ingressantes finalizaram seus cursos. O dado foi considerado pela ABMES como um fator preocupante, ao indicar o número elevado (58%) de alunos que estão demorando mais que o tempo médio de conclusão do curso ou, simplesmente, abandonando a graduação.
Ao comparar a taxa de retenção entre as instituições de Educação Superior pública e privada, o estudo apontou que 18% ingressam em IES pública, enquanto 82%, em IES privada. Já do total de concluintes, 20% egressaram de IES pública, enquanto 80% de IES particular. Ao dividir o País por regiões, 49% dos concluintes do Ensino Superior se concentram na Região Sudeste. A menor porcentagem (7%) é da Região Norte. Apesar disso, a pesquisa aponta que as regiões com maior taxa de penetração – número de matrículas totais de 2015 dividido pela população de 18 a 24 anos – estão no Centro-Oeste e Sul do País (42% cada). O Sudeste ocupa o terceiro lugar no ranking, com 38% da taxa de penetração.
Ainda foi realizada a comparação dos perfis dos alunos concluintes e dos não concluintes em 2015 e 2016. Dos alunos concluintes, 66% pagam a própria mensalidade; 32% vão para a IES de carro ou moto própria; 70% saem do local de trabalho e vão para a IES; e 25% ingressam no Ensino Superior logo após concluírem o Ensino Médio. Segundo o levantamento, na média, 70% dos concluintes já estagiavam ou trabalhavam quando prestaram o Enade.
Dos não concluintes, 59% pagam a pró pria mensalidade; 20% vão para a IES de carro ou moto própria; 67% saem do local de trabalho e vão para a IES; e 37% ingressaram no Ensino Superior logo após concluírem o Ensino Médio.
Em outra análise, o estudo apontou também que, dos alunos concluintes, 75% levaram mais de um ano para iniciar uma graduação. Essa porcentagem diminui entre aqueles que estão nos períodos iniciais, atingindo uma taxa de 63%. Segundo a ABMES, “esse dado pode ser explicado pela tomada de decisão do curso e instituição de ensino de forma mais madura pelo aluno que levou mais tempo para ingressar no Ensino Superior”.
O FIES NA FORMAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR
No que se refere ao programa social do governo federal, o Fies, segundo a pesquisa, os novos contratos do Financiamento passaram a ter uma expansão mais agressiva a partir de 2012. Em 2015, quase 22% dos alunos egressos estavam no programa. Segundo a ABMES, esses alunos ingressaram por meio do Fies em 2012, ano com aumento significativo do número de vagas em relação a 2011, e começaram a concluir seus cursos há dois anos. Em 2010, o Fies contava com 76 mil novos contratos e aumentou de forma agressiva, chegando, no seu auge, a ofertar 731 mil novos contratos em 2014. Porém, a crise no País e as mudanças no Financiamento foram responsáveis pela queda do número de contratos em 2015, montante que foi reduzido para 315 mil. Ainda de acordo com a ABMES, estima-se que, para os próximos anos, a representatividade do Fies aumente no volume de concluintes, dada a larga expansão que o programa teve entre 2012 e 2014.
VALE A PENA FAZER UM CURSO SUPERIOR?
No estudo realizado pela ABMES e a Educa Insights, aponta-se que finalizar o Ensino Superior traz real benefício ao estudante. Um desses ganhos, por exemplo, está relacionado à possibilidade de um melhor salário. De acordo com o levantamento, pessoas com nível superior completo chegam a ganhar de dois a cinco salários-mínimos, podendo o formado ganhar até mesmo mais que cinco salários-mínimos. De acordo com o diretor-presidente da ABMES, Janguiê Diniz, esse é o primeiro de uma série de estudos que a Associação irá realizar durante todo o ano de 2017 para oferecer informações que auxiliem o setor educacional no entendimento das principais necessidades do Ensino Superior brasileiro. A medida faz parte das ações estratégicas da Associação para o desenvolvimento da Educação Superior particular e, consequentemente, da melhoria da educação brasileira.