A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados vai discutir na terça-feira (22) se os ricos devem pagar para estudar em universidades públicas.
O debate começa às 10 horas, no plenário 10, e estará aberto ao público por meio do canal e-democracia, no portal de internet da Câmara dos Deputados.
A iniciativa do debate é do presidente do colegiado, deputado Caio Narcio (PSDB-MG). Ele parte do princípio de que a educação brasileira está em crise, evidenciada, entre outros fatores, pela defasagem entre investimentos nos ensinos básico e superior.
Outro aspecto da crise seria o que o deputado chama de "dicotomia", que leva a um grande número de alunos de renda familiar elevada matriculados em universidades públicas. "Nós temos uma pirâmide invertida no que se refere ao financiamento: temos, no ensino superior, um investimento que, por vezes, chega a ser três maior do que o da educação básica. Quer dizer que se tem uma formação na alfabetização e nos primeiros anos de escola totalmente prejudicada, com professores mal qualificados e mal remunerados. Depois, a gente observa que existe uma dicotomia na educação superior no Brasil: quem tem dinheiro está estudando de graça e quem não tem está pagando para estudar na [faculdade] privada porque não consegue ter acesso ao ensino gratuito."
Para Caio Narcio, uma pessoa que seja muito rica não pode estudar de graça. “Na minha concepção, essa pessoa precisa pagar a universidade e esse dinheiro pode ajudar tanto na ampliação de vagas para quem ainda não tem acesso quanto na compensação do ensino básico. Acho que a gente deve ter a coragem de enfrentar esse assunto, porque não é razoável que um cara pare uma BMW e vá estudar na universidade pública de graça."
Convidados
Para debater o tema, a Comissão de Educação convidou a atual e a ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, Marianna Dias e Carina Vitral, além do coordenador Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Patroca Kataguiri.
Também foram chamados o professor, advogado e presidente da Comissão de Direito Econômico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Fernando Prudente do Amaral; a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), Andréa Barbosa Gouveia; o diretor Presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), José Janguiê Bezerra Diniz; e o professor da Instituição de Ensino Superior em São Paulo (Insper) e da Universidade de São Paulo (USP) Naercio Menezes.