Ao ser aprovado para ingressar no Grupo 5 da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), o Brasil passa a ser reconhecido como uma das potências mundiais dessa ciência. O país, que já integra a entidade desde o seu início, em 1954, passa a ser o 11º e único em desenvolvimento a fazer parte do Grupo 5, considerado a elite da matemática mundial.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 25, na sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), no Rio de Janeiro. Os outros 10 países que integram o grupo são Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia. O Brasil passou por todas as categorias até chegar à mais seleta.
Para concorrer, um relatório elaborado pelo Impa e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) foi enviada ao IMU, em 2017. O diretor do Impa, Marcelo Viana, atribui a aprovação do país, principalmente, aos avanços nas pesquisas realizadas pelo país.
“Em 30 anos, o número de artigos de autores brasileiros foi multiplicado por 10. No mundo, passou de 0,4 a 2,4%. Em percentagem, foi multiplicado por seis. Isso dá uma ideia dos nossos avanços”, detalha.
Ele destaca também a oferta de ensino na área, como a pós-graduação, em todo o país; a colaboração internacional com países que são referência na matemática, como Espanha, Itália e França; além de atividades realizadas internamente, como a Olimpíada Nacional de Matemática, financiada pelo MEC. Ele cita ainda discussões de inclusão, como a questão de gênero e a presença da mulher no campo da pesquisa matemática.
Influência – A secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, acredita que o mais importante do reconhecimento, além da influência que o país terá na pesquisa mundial, é o impacto da imagem da disciplina de matemática para os jovens.
“Esse reconhecimento vai incentivar crianças e jovens a estudar matemática, porque há uma certa prevenção com relação a matemática. Precisamos quebrar essa resistência, que inclusive faz muitos abandonarem os estudos”, reforça Maria Helena. “Há esforço no sentido de produzir pesquisa aplicada ao ensino de matemática, mestrados profissionais – para formar bons professores –, produzir materiais didáticos para serem acessados por meio de plataformas digitais.”
O diretor do Impa concorda. “No plano interno não tenho dúvida de que nós podemos tirar proveito para termos um efeito positivo da matemática para os jovens. É algo que não é para se ter medo, pois os brasileiros são bons”, observa.
Maria Helena destaca ainda o reconhecimento do país por meio do pesquisador do Impa, Arthur Avila, o primeiro brasileiro a ganhar a Medalha Fields, considerada o Nobel da matemática, em 2014. E lembra que o Brasil sedia, em agosto, o Congresso Internacional de Matemáticos, o mais importante da área e que pela primeira vez ocorre no Hemisfério Sul.
Além disso, ela ressaltou que tanto o Impa como a SBM apoiaram o desenvolvimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de matemática para o ensino fundamental, para a educação infantil e também vão apoiar na do ensino médio.