O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas foi criado em 2011. Desde então, a maioria é composta por médicos brasileiros que estudaram no exterior. Mais da metade na Bolívia.
Mais de 2.100 brasileiros formados em Medicina foram aprovados. Do total, 1.190 estudaram na Bolívia.
Por questões financeiras, Marcela Mendonza fez o caminho contrário dos pais, que chegaram ao Brasil há 40 anos. Ela estudou medicina na Bolívia e depois retornou ao Brasil.
'Não conseguindo uma vaga numa universidade pública aqui no Brasil, eu optei por ir para lá porque pagar uma faculdade particular aqui no Brasil era praticamente impossível para os meus pais. A dificuldade hoje em dia é burocrática, né. Porque temos que fazer uma prova, revalidar o nosso diploma', explica.
A relação dos dois países vai além da Educação. A Bolívia é o país que mais cresceu na América Latina nos últimos 15 anos, com média de 5%.
A melhora na economia boliviana se deve, principalmente, à nacionalização de petróleo e gás. O último com importante participação do Brasil. A Bolívia depende da venda de gás para o governo brasileiro. O contrato vence em dezembro de 2019 e deve ser rediscutido.
A professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo Regiane Bressan acredita que as relações econômicas entre Brasil e Bolívia não devem mudar, apesar das diferenças políticas dos presidentes Evo Morales e Jair Bolsonaro.
'Existe uma dependência mútua nessa relação. Ainda que politicamente os países não tenham suas ideologias afinadas, eles tem interesses econômicos. Romper com a Bolívia seria um grande erro para o Brasil e também não vejo que a Bolívia teria um interesse nesse aspecto', opina.
Com ausências de Cuba e Venezuela, Evo foi um dos poucos líderes de esquerda a participar da posse de Bolsonaro.
Enquanto isso, os bolivianos que vivem no Brasil têm o desejo de um dia voltar. A artesã Milde Rosário está no Brasil há nove anos e, emocionada, sonha com o retorno.
'A gente sempre tem saudade. A gente pensa que não porque tem família aqui, mas um dia tem que voltar... Tem que voltar para cavar os dias lá e para morrer lá', diz.
Já o costureiro Gonzalo Vazquez está dividido depois de 15 anos no país.
'Porque o Brasil me deu um carrinho, moro ainda de aluguel, mas me deu melhores condições de vida, tenho arroz e feijão na minha casa e não falta. Então como que posso deixar aqui? Bom, eu falo: não sou brasileiro, mas fiz do Brasil a minha casa', declara.