Dentre os 8821 cursos avaliados no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2018, apenas 492 tiraram nota máxima. Os dados foram apresentados, nesta sexta-feira (4/10), em coletiva de imprensa com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes.
O desempenho dos estudantes que fizeram o exame é o que define como os cursos são classificados em uma escala de 1 a 5, sendo 5 a nota máxima. Em 2018, 462 mil alunos fizeram a prova, sendo 85% estudantes de instituições privadas.
O baixo desempenho das universidade pode ser visto na classificação dos cursos que mais tiveram estudantes inscritos no Enade. É o caso da Administração e Direito, que representam 48,5% do número total de inscritos no exame. Ao todo, os cursos levaram 227 mil alunos para fazerem a prova.
Ao analisar a classificação dos cursos, percebemos que a maioria deles foi classificado com notas 3 e 2. No caso da administração, 51% dos cursos teve conceito 3 e 22,2% teve conceito 2. A avaliação dos cursos de direito segue a mesma direção. 43,4% tirou nota 3 e 33,8% ficou com nota 2.
A tendência é observada em todos os cursos. Do total analisado, 3.830 cursos foram classificados como conceito 3. Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o resultado ruim do aluno influencia na avaliação dos cursos analisados pelo Enade e impede que o governo tenha um bom termômetro do ensino superior.
Punição para notas ruins
“Eu me preocupo com os dados, mas temos que avaliar a questão do incentivo para este aluno fazer o exame direito. O aluno pode chegar lá e fazer a prova como se não houvesse amanhã. Ele não tem nenhum incentivo individual para fazer a prova. Com isso, não temos como mensurar adequadamente se aquela instituição teve um bom desempenho de fato”, afirmou o ministro.
Na coletiva de imprensa, que apresentou os dados, realizada nesta sexta-feira (4/10), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o governo estuda ações para punir os estudantes com baixo desempenho no Enade. "Hoje, não temos como punir pessoas que acertam menos de 20% da prova. A vontade seria essa. A pessoa que faz a prova e acerta 10% das questões não deveria se formar e receber o diploma”, afirmou.
Outro ponto que recebeu destaque na coletiva foi a quantidade de alunos que teve alguma forma de financiamento público. Cerca de 48,7% dos estudantes que prestaram o exame recebe algum recurso pu%u0301blico. “O pagador de imposto está ajudando estudantes a concluírem o curso de graduação. O jovem que não tem recursos encontra no financiamento público um mecanismo para cursar o ensino superior”, ressaltou o ministro da Educação.
Posicionamento do diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, sobre o ENADE 2018
A diferença de desempenho entre alunos concluintes de cursos de nível superior em instituições privadas e públicas deve ser avaliada sob dois aspectos importantes:
O primeiro deles tem relação direta com a diferença no perfil e na origem do aluno. Historicamente, sabemos que estão nas universidades públicas um grupo maior de alunos com melhor condição econômica, que tiveram oportunidades de estudo mais qualificado, e, com isso, obtiveram resultados superiores no ENEM. Perfil bem diferente dos alunos das IES privadas, em sua maioria oriundos das escolas públicas.
Outro aspecto que consideramos importante diz respeito à metodologia do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). Temos questionamentos, tais como o fato do aluno não ter incentivo para fazer a prova com dedicação, pois a nota não entra no histórico escolar.
Precisamos de um novo modelo de avaliação, que considere as diferenças regionais e econômicas entre alunos e instituições, e que dê incentivo para que os alunos façam a prova com dedicação.
A ABMES pretende, em breve, apresentar ao MEC estudo propondo novas formas de avaliação do ensino superior, levando em conta estes aspectos, inclusive considerando o papel de inclusão social realizado pelas instituições particulares.
O objetivo final deve ser melhorar a qualidade da educação como um todo e que todas as partes (MEC, alunos e IES) se vejam envolvidas no processo, para que a avaliação realmente mostre um panorama dos pontos a serem aprimorados, já que defendemos o crescimento do setor, com qualidade.