Autoridades e parlamentares repercutiram com um certo tom de cautela, nas redes sociais, a escolha do pastor Milton Ribeiro para ministro da Educação. O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), formalizou no fim da tarde desta sexta-feira (10/7) a indicação dele em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Deputados de oposição criticaram o nome de Ribeiro para a pasta, mas sem muito volume. Talíria Petrone (PSol-RJ) foi a mais contundente, e avaliou que a nomeação do pastor não é surpresa. “Mais obscurantismo, negacionismo da ciência e austeridade nos investimentos. Novamente reafirmamos que só a luta muda a vida!”, escreveu.
O líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), espera que o novo ministro atue com o “compromisso constitucional de uma educação laica” no país: “Esperamos que o novo ministro tenha compromisso com princípios constitucionais de uma educação pública, gratuita, de qualidade e laica”.
Aliado de Bolsonaro, o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) negou que tenha ocorrido interferência da Frente Parlamentar Evangélica na indicação do pastor. “Foi uma escolha de Bolsonaro, que é o nosso timoneiro. Tenho certeza de que o ministro contará com o apoio de todos que confiam no presidente!”, justificou.
Ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson desejou “sucesso” ao novo ministro da Educação. “Que possa fazer uma excelente gestão no Ministério. Boa escolha, Presidente!”, comemorou, no Twitter.
Em nota, a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) celebrou a nomeação de Ribeiro. “É uma ótima notícia para fecharmos a semana, pois temos inúmeros assuntos pendentes para tratarmos a educação como pauta prioritária a fim de obter um ensino de qualidade no país”, pontuou.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) desejou sucesso ao novo ministro. “Esperamos ter um diálogo propositivo em prol da educação superior de qualidade no país. Estamos à disposição para manter a contínua contribuição na pauta positiva das políticas públicas necessárias para ampliar a inclusão e a democratização do ensino superior”.
Quem é Milton Ribeiro
Antes de Ribeiro, chefiaram a educação no país Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e, mesmo sem tomar posse, Carlos Alberto Decotelli, que caiu após uma série de falsidades em seu currículo serem reveladas.
Diferentemente de Decotelli, que foi nomeado, mas não tomou posse, Ribeiro tem doutorado. Ele é pastor na Igreja Presbiteriana e, segundo seu currículo na plataforma Lattes, é graduado em teologia e direito e tem mestrado em direito e doutorado em educação.
Segundo o presidente Bolsonaro, a última etapa da sua formação foi realizada na Universidade de São Paulo (USP). Ele também é membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da qual foi vice-reitor.
Em maio de 2019, foi nomeado por Bolsonaro para a Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP). O órgão tem como função investigar ministros e servidores do governo, caso cometam alguma irregularidade. O mandato de Ribeiro está previsto para terminar em 2022, mas, agora que aceitou o posto de ministro do governo, terá de abrir mão do cargo na CEP.
Além disso, ele é pastor reverendo na Igreja Presbiteriana de Santos, litoral de São Paulo, o que agradou o grupo de evangélicos e a ala ideológica do governo, que cobravam um nome conservador para dirigir o Ministério da Educação. Ele também é bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul.