Em mais um aceno do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a lideranças evangélicas, o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, é o segundo nome ligado à Universidade Presbiteriana Mackenzie a ser nomeado para um cargo de destaque no MEC (Ministério da Educação).
Pastor presbiteriano, ele chega ao ministério com bom trânsito entre os evangélicos —além de já ter sido vice-reitor e reitor em exercício do Mackenzie, é vice-presidente do conselho deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da universidade. Ribeiro aceitou hoje o convite do presidente para assumir o ministério. Seu nome já foi oficializado em publicação extra do Diário Oficial da União.
Em janeiro deste ano, o então reitor do Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, foi nomeado presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC que atua na pós-graduação.
Aguiar Neto era reitor da instituição desde 2011 e foi nomeado para a Capes após a saída de Anderson Correia —que, por sua vez, assumiu a reitoria do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
À época reitor do Mackenzie, Aguiar Neto defendeu, em outubro de 2019, a abordagem educacional do criacionismo como um "contraponto à teoria da evolução". Ele também anunciou que o Mackenzie ampliaria os estudos do chamado design inteligente —cujos defensores dizem que métodos científicos apontam que a vida e o universo seriam obra de um "ser inteligente".
Em seu currículo lattes, Ribeiro aponta ainda para outras construções acadêmicas no Mackenzie. Entre elas, um mestrado em Direito, apresentado em 2001, sobre o tema da liberdade religiosa. Também constam do currículo do novo ministro uma especialização em Teologia do Velho Testamento, que teria sido cursada na universidade paulista entre os anos de 1997 e 2001. Procurado pelo UOL, o Mackenzie não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Nome recebe aprovação de setores do ensino privado
A confirmação de Ribeiro ao MEC foi bem recebida por setores do ensino privado. Em nota, a ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), que representa o ensino superior particular, desejou "êxito" ao novo ministro e fez elogios ao seu "currículo sólido".
"Milton Ribeiro é doutor em Educação, tem experiência em gestão universitária e um perfil discreto. A Universidade Mackenzie, onde ele atuou, é uma das mais tradicionais e prestigiadas instituições privadas do Brasil", diz o texto.
"Este é um momento desafiador em consequência da pandemia da Covid-19 e toda a atenção será necessária para que a retomada segura das atividades acadêmicas presenciais. Esperamos ter com o novo ministro um diálogo propositivo em prol da educação superior de qualidade no país", continua a nota.
Também em nota, a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) disse que a confirmação de Ribeiro para o comando do MEC é uma "ótima notícia para fecharmos a semana".
"Estamos num momento que merece total atenção devido ao atual cenário que vivemos, em decorrência da Covid-19, somado à reabertura das escolas, com a modalidade presencial", diz trecho do texto.
"Temos inúmeros assuntos pendentes para tratarmos a Educação como pauta prioritária a fim de obter um ensino de qualidade no país", diz ainda a nota.