A tendência de recuperação do setor privado de ensino superior dá os primeiros sinais depois de oito meses de pandemia da Covid-19 no Brasil. Há uma demanda reprimida de estudantes interessados em investir em suas graduações que demonstram interesse em começar os estudos no primeiro semestre de 2021. Essa é uma das conclusões da quinta onda da pesquisa “Coronavírus e Ensino Superior: o que pensam os alunos”, realizada pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insight e divulgada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) nesta terça-feira (17/11).
De acordo com o levantamento, 38% dos entrevistados afirmam querer começar a graduação no próximo semestre – cenário imediato do primeiro semestre de 2021 – crescimento de 24 pontos percentuais (pp) em comparação com a apuração anterior, realizada em julho e se referindo ao segundo semestre de 2020. Somado a esse maior entusiasmo, está a queda da incerteza, de 38%, em julho, para 26% no contexto atual.
Para os cursos presenciais, o otimismo se mostrou maior elevação. Na evolução das fases da pesquisa, a intenção de matrícula registrou índice de 16% em abril, no início da pandemia –, chegou ao patamar de 5% em julho e, atualmente está em 33%. O avanço indica o aumento na confiança na adoção das medidas de biossegurança definidas pelas autoridades e o conforto dos estudantes em retomar as atividades presenciais a partir do próximo ano. Entre os cursos a distância (EAD) – que incluem também os híbridos e semipresenciais – a variação foi menor e, ainda assim, houve crescimento de 12 pp.
“O cenário da 5ª fase aponta um aumento da intenção de matrículas na graduação, incluindo a modalidade presencial, o que mostra que os jovens não querem mais adiar o sonho do curso superior, o que traz leve otimismo ao setor”, comentou o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.
Área da saúde
O levantamento procurou saber quais os cursos mais chamam a atenção dos futuros graduandos. Entre os 15 cursos mais procurados – que representam mais de 70% das intenções de matrícula –, aqueles que pertencem à área da saúde tiveram destaque, como enfermagem, psicologia, educação física, biomedicina, nutrição e fisioterapia. No rol das ofertas presenciais, graduações relacionadas à saúde correspondem a 36,1% do interesse, e, na modalidade EAD, equivalem a 17,5%.
“A preferência por formações na área da saúde expõe a crescente valorização desses profissionais durante o combate à pandemia, em especial na linha de frente de enfrentamento”, pontuou Niskier.
Enem e oportunidades de ingresso
Os estudantes estão atentos à mudança das datas de provas e resultados do Exame Nacional de Estudantes (Enem). Para os entrevistados, as notas conquistadas são determinantes o momento da decisão, bem como do curso e instituição que serão escolhidos. A grande maioria (57%) dos entrevistados consideram importante a divulgação das notas do exame para conseguir a melhor bolsa ou desconto possível na negociação com a IES.
Levantamento
O levantamento “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos” foi realizado pela ABMES em parceria com a Educa Insights entre 13 e 15 de novembro, via internet. Em sua 5ª fase foram consultados 1.102 homens e mulheres, de 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos presenciais e EAD ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.
Ao longo de todas as fases da pesquisa foram ouvidos 4.490 alunos de graduação, matriculados em cursos presenciais ou EAD de instituições particulares, há pelo menos 6 meses e potenciais alunos que tenham interesse de iniciar cursos de graduação presencial ou EAD em faculdades privadas nos próximos 18 meses. Foram realizadas quatro outras etapas do levantamento, nos meses de março (1ª fase), abril (2ª fase), maio de 2020 (3ª fase) e julho (4ª fase).
Números da educação superior particular
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o segmento é responsável por 94,9% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD.
Quanto às matrículas, as instituições particulares de educação superior (IES) foram responsáveis por 75,8% em 2019, sendo 35% a distância (EAD) e 65% presencial.
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