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Universitários e pais de alunos adiam matrículas

09/02/2021 | Por: Valor Econômico | 1692
Reprodução

 As matrículas nas escolas e faculdades particulares estão sendo adiadas neste começo de ano devido ao atual cenário de pandemia. No ensino superior, os alunos estão postergando o ingresso para a metade do ano ou começo de 2022. Já na educação básica, os colégios estão percebendo uma demora por parte dos pais para realizar as matrículas dos filhos com a atual incerteza sobre o retorno das aulas presenciais, o que também está provocando redução de venda de material didático.

Levantamento da consultoria Educa Insights com cerca de 1 mil alunos mostra que em novembro, quando a pandemia tinha arrefecido e havia certo otimismo quanto à imunização, 38% dos entrevistados pretendiam começar a faculdade neste começo de ano e 24% em agosto. Agora, essa proporção se inverteu, com a maioria planejando o ingresso no ensino superior somente no segundo semestre.

Esse movimento é percebido, inclusive, nos cursos on-line, que tiveram forte demanda em 2020. Entre novembro e janeiro, o volume de interessados em iniciar uma graduação digital caiu de 46% para 38%. Houve uma postergação para o segundo semestre(veja tabela acima).

O começo do ano é o período mais importante para o setor de educação porque é nessa época que são realizadas as matrículas que garantem a receita do ano das escolas de educação básica e o faturamento semestral das faculdades que realizam o vestibular duas vezes por ano. Nesse contexto, uma campanha de imunização em maior escala e mais ágil neste momento - que coincide com a fase de matrículas no setor de educação - é relevante para os grupos educacionais. “A lentidão na vacinação atrapalha a retomada, o nosso processo de matrículas é agora“ disse Chaim Zaher, presidente do SEB, maior rede de escolas privadas do país, que sentiu queda na matrícula de novos alunos e vende de sistemas de ensino.

A Arco Educação, dona dos sistemas de ensino SAS e Positivo, também vendeu um número menor do material escolar para os colégios. “As reservas 2021 [de venda de material didático] da Arco frustraram as expectativas devido aos cenários macro e de saúde ainda incertos o que mantém uma parte dos alunos longe da escola”, segundo relatório do Credit Suisse, que reduziu as projeções de lucro líquido da companhia em 6% neste ano.

Representantes do setor de educação vêm defendendo a inclusão a inclusão dos professores nos primeiros grupos prioritários da campanha de imunização. Recentemente, o presidente do Grupo SEB esteve reunido com o governador João Doria pleiteando a inclusão, em especial, dos docentes da rede pública. Em São Paulo, os professores não são considerados prioritários e na campanha de imunização nacional, os professores estão no fim da fila dos grupos preferenciais.

Os sindicatos da categoria alegam que há grande risco de os professores serem contaminados e defendem um retorno apenas quando todos os professores e funcionários das escolas estiverem imunizados. “Sou contra esse sindicalismo de autopromoção”, disse Chaim.

A exigência dos sindicatos também é criticada por especialistas de saúde. “Sou contra esperar a vacinação para o retorno das aulas presenciais. As crianças estão há quase um ano fora das escolas, apresentando problemas socio emocionais, de aprendizagem e risco de abuso”, disse o médico Fábio Jung, que elaborou trabalhos de consultorias para as secretarias de educação. “Defendo a vacina para todos, mas acho que os trabalhadores que estão na linha de frente como atendentes de restaurantes, bares correm mais risco de contaminação que os professores”, complementou Jung.

No ensino superior, há ainda outro agravante. Neste ano, o resultado do Enem só será divulgado no fim de março, quando o semestre letivo já estará na metade e sendo, muitas vezes, inviável iniciar a faculdade com tanto atraso. Muitos calouros aguardam a nota do exame para pleitear descontos em mensalidades e só fazem a matrícula com o abatimento. Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, sindicato do setor, acredita que o volume de calouros de cursos presenciais neste ano será entre 30% e 40% inferior em relação a um ano antes.

Segundo Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), as faculdades estão criando novos formatos como cursos com disciplinas modulares, reposições de aulas para que os alunos não percam o semestre.


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