Levantamento realizado pela empresa de pesquisas educacionais "Educa Insights", em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), entre os dias 25 e 30 de janeiro, revela aumento no percentual de estudantes universitários que pretendem adiar o início do ensino superior para o segundo semestre de 2021: foi de 24%, em novembro, para 38%, em janeiro. Entre os motivos que levam estes jovens a deixarem o ingresso na universidade para depois estão o aumento do número de casos e de óbitos pela Covid-19 e também a espera pela vacinação contra a doença.
No caso de Jade Torres Gualter, de 19 anos, moradora da capital de São Paulo, foi a insegurança que a levou decidir pelo cancelamento da matrícula na faculdade, onde foi aprovada para o curso de medicina no fim do ano passado, depois de três anos de tentativa. “Primeiro, optei por me matricular no segundo semestre, achava que as coisas estariam melhores até lá. Hoje, acredito que deve demorar muito para que estejamos seguros de verdade. Como a faculdade é de medicina, pedem que seja presencial. Não acho que vale a pena ser colocada em risco”, comenta.
Ainda de acordo com a pesquisa, que é uma continuidade do estudo “Coronavírus X Educação Superior: o que pensam os alunos e como sua IES deve se preparar”, realizado em cinco etapas ao longo de 2020, diminuiu o interesse dos estudantes pelos cursos na modalidade à distância (EAD): de 46%, número registrado na última pesquisa, para 38%.
Segundo o diretor presidente da Abmes, Celso Niskier, as instituições particulares estão preparadas para um ensino remoto de qualidade. “Os alunos não devem adiar o sonho da graduação esperando o fim da pandemia sob o risco de perder as oportunidades que virão. O Brasil vai precisar de profissionais qualificados no pós-pandemia e as IES estão preparadas para oferecer a melhor educação, independente do formato, seja presencial ou remoto”, afirmou.
Uma faculdade particular localizada na Vila Mariana, zona Sul de São Paulo, consultou a opinião dos alunos quanto ao retorno ou não das aulas presenciais em dois momentos: na metade de 2020 e no começo deste ano. Com a preferência de parte dos alunos pela retomada, a instituição definiu um rodízio e o modelo híbrido de ensino: estudantes vão dia sim e outro não e quem preferiu ficar em casa assiste a aula ao vivo.
O levantamento traçou o perfil dos jovens indecisos quanto ao início da graduação: mais de 70% têm até 25 anos e 60% estão empregados.
A pesquisa consultou, de forma online, 1.024 homens e mulheres, de 17 a 50 anos, que pretendem ingressar na faculdade, seja presencial ou à distância, ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.
Dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados em outubro de 2020 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), mostram que as instituições privadas representam 94,9% do ensino superior do país e 75,8% das matrículas, sendo 35% na modalidade a distância (EAD) e 65%, na presencial.