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Futuros estudantes de Direito, Psicologia e Enfermagem preferem modelos de ensino pautados em novas tecnologias

28/09/2022 | Por: ABMES | 4989

Os formatos de ensino presencial e a distância têm gerado discussões importantes entre os profissionais da educação superior no Brasil, principalmente devido aos avanços tecnológicos impulsionados pela pandemia da Covid-19. Nesta terça-feira (27/9), a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a empresa Educa Insights, apresentou a pesquisa inédita "Direito, Psicologia e Enfermagem: qual é o formato preferido dos alunos?".

Os cursos foram escolhidos para a análise por serem relevantes na composição do mix de presencial. De 2014 a 2020, as três áreas obtiveram elevados números de matrículas. Em 2020, por exemplo, o curso de Direito representou 18% das matrículas do mercado presencial, enquanto Psicologia e Enfermagem também representam bastante na composição de matrículas (6% e 7%, respectivamente).

Nessa perspectiva, Daniel Infante, sócio-diretor da Educa Insights, pontuou que o estudo é fundamental para entender as demandas para estruturar melhor as ofertas. "É importante entender como o aluno vem pensando cada uma dessas carreiras. Não estamos falando em transformar esses cursos em EAD total, mas é importante compreender que hoje, no presencial, há espaço para inovar", afirmou.

A pesquisa foi feita com pessoas de 17 a 49 anos que não estão cursando graduação e mostra que 59% dos interessados em cursos de Direito aceitariam a modalidade EAD - o que não significa necessariamente a existência de curso completo nesta modalidade, mas ao menos parte dele sendo ministrado com auxílio de tecnologias. Ao todo, 57% aceitariam a mesma proposta nos cursos de Enfermagem e 46% nos cursos de psicologia.

No Direito há uma aceitação da importância de que o produto deve considerar uma modelagem distinta do que já existe, ou seja, há espaço para inovação. Entre todos os itens testados, 96% dos entrevistados gostariam de ter modelos virtuais assíncronos que significa o acesso a vídeos de aulas gravadas com conteúdo complementar às aulas "ao vivo" (presenciais ou virtuais), além do acesso a conteúdo teórico digital em um ambiente virtual (apostilas, biblioteca digital e laboratórios virtuais, por exemplo).

Na avaliação do diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, os alunos estão abertos à inovação e consideram atividades complementares neste sentido. "É importante observar o potencial de adaptação dos currículos atuais. O aluno quer e está aberto a experimentação com materiais complementares e metodologias diversas dentro da modalidade escolhida do curso e esse é o chamado à inovação. Por trás dos números, temos o desejo dos alunos por modelos alternativos em que possam se engajar, aprender e interagir com base nas novas tecnologias" afirmou. Entre os interessados no curso de Direito, 51% dividiriam o curso entre presencial síncrono e assíncrono, enquanto 49% dividiriam entre virtual síncrono e assíncrono.

Enfermagem e Psicologia
O cenário entre os cursos de Psicologia e Enfermagem é bem similar. No primeiro, há uma pequena queda em relação ao Direito, já que 87% dos entrevistados que gostariam de seguir a carreira de psicólogos concordam com modelos virtuais assíncronos.

Para o curso de Enfermagem os resultados entram como intermediários entre Direito e Psicologia, com o modelo virtual assíncrono com 84% de interessados. Na análise de composição dos quadrantes híbridos, naturalmente o público de Enfermagem tem preferência por mais horas presenciais, considerando a parte prática do curso. Segundo o especialista Daniel Infante, nas três carreiras avaliadas há condições de inovação. "Não precisa, na perspectiva regulatória, da liberação de portarias ou de uma evolução de uma discussão que é bastante polêmica, para que o presencial se adeque à demanda, oferecendo algo distinto, além de uma condição de inovação que é plena", analisou.

Na visão do presidente Celso Niskier, não houve, em nenhuma das três carreiras estudadas, alunos que se interessassem em modelos 100% EAD, mas sim em um modelo dividido entre virtual e presencial. "O aluno mostra uma maturidade e quer o melhor da tecnologia e o melhor do presencial de forma mais ampla, distribuindo o interesse dele. Portanto, não há a defesa de 100% EAD como muita gente erroneamente diz até para descaracterizar e desmoralizar o uso das novas tecnologias", afirmou.

Demandas do Século XXI
A diretora executiva da EDUX21, Iara de Xavier, contribuiu na discussão com análise voltada para a regulação e indicou que o curso de Odontologia fosse incluído nas próximas pesquisas, além de um estudo voltado para alunos já matriculados em cada curso analisado.

Para ela, o que se vive atualmente é o processo de ruptura do modelo pragmático que significa sair do modelo tradicional e conservador da educação superior e atender às demandas de modelos inovadores e criativos, exigidas no século XXI. “Até que ponto a regulação inibe ou não a criatividade e a inovação, principalmente nos currículos de graduação? Até que ponto as IES têm autonomia didático-pedagógica, conforme garante a legislação, para que as universidades possam inovar nas propostas? Esses são alguns dos desafios encarados pelos dirigentes e profissionais do ensino superior no Brasil”.

Na análise da especialista, o pensamento precisa ser não apenas de captar alunos, mas de manter alunos e diminuir o grau de evasão e desistência. “A geração Z vem com novo DNA e novas exigências. A maioria considera a escola básica ou mesmo o ensino superior, chato, porque não se identificam com o que é proporcionado pelas instituições”, pontuou. A Diretora trouxe ainda diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação que nada mais são do que orientações e princípios que atuam como referências para as IES na organização e construção dos projetos pedagógicos de cada curso. O processo de construção de cada uma delas depende de audiências públicas, pareceres, além de participação do MEC, entre outros.

Também foram apresentadas a regulação e supervisão dos cursos de graduação que, atualmente, se dividem em 100% presencial; 100% à distância - credenciamento EAD; presencial com 40% EAD e a distância com 30% presencial. Para Iara, o atual momento é sensível e requer prudência. “A pesquisa encomendada pela ABMES vai ser um amparo essencial para subsidiar o trabalho e atuação dos profissionais da educação e além de auxiliar no estudo dos profissionais envolvidos no processo educacional brasileiro”, explicou.

A pesquisa teve como objetivo apoiar as instituições de educação superior na tomada de decisões estratégicas para a montagem de cursos e currículos de acordo com as principais demandas dos alunos desses cursos.

Clique aqui e acesse a pesquisa completa


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Legislação

PORTARIA MEC Nº 668, DE 14 DE SETEMBRO DE 2022

Institui Grupo de Trabalho, de caráter técnico, no âmbito do Ministério da Educação - MEC, para apresentar subsídios com vistas à regulamentação da oferta dos cursos de graduação em Direito, Odontologia, Psicologia e Enfermagem, na modalidade a distância, e dispõe sobre o sobrestamento dos processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação, na modalidade a distância.