Um estudo inédito mostra que ainda faltam 7 anos para que o Brasil atinja a quantidade de médicos recomendada para atender a população. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (24), foi realizada pela Educa Insights a pedido da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o ideal é que haja 3,5 médicos para cada mil habitantes. No Brasil, conforme o estudo, são 2,8 médicos por mil habitantes.
Em países considerados mais desenvolvidos economicamente, a média é de 4,5 médicos por mil habitantes.
De acordo com o estudo, a quantidade limitada de profissionais no Brasil ocorre pelo número limitado de graduados e pelo "alto envelhecimento dos profissionais". A pesquisa detalha que pelo menos 36% dos médicos brasileiros atuantes têm 50 anos ou mais. Além disso, 21,6% são idosos.
Desigualdades regionais
O estudo também mostra que a distribuição dos profissionais é bastante desigual no Brasil. Segundo o levantamento, há um excesso de profissionais na região Sudeste e faltam médicos no Norte e no Nordeste.
Ao todo, 48 municípios com mais de 500 mil habitantes concentram 62,42% dos médicos brasileiros. Por outro lado, 94,18% das cidades com até 100 mil habitantes têm acesso a apenas 14% dos profissionais.
No entanto, há um aumento contínuo na quantidade de profissionais no país. Em 2020, o Brasil tinha 521,4 mil médicos e, segundo a pesquisa, o número de profissionais deve passar para 594,9 mil em 2023.
Desejo X valor da mensalidade
Segundo a ABMES, a demanda para os cursos de medicina é "alta" no Brasil. O estudo revela que cerca de 1 milhão de candidatos tentam, anualmente, estudar medicina. Mas nem todos conseguem.
Em 2020, por exemplo, 1.067.303 pessoas se inscreveram. Dessas, 1.016.279 não conseguiram ingressar em uma faculdade, ou seja, apenas 5% começaram, de fato, a estudar medicina.
De acordo com a ABMES, os números englobam instituições públicas e privadas, e um mesmo aluno pode se candidatar a mais de uma vaga, sendo contabilizado mais de uma vez. No entanto, os principais motivos para os candidatos desistirem da medicina são:
- O número de vagas
- A exigência das provas
- O nível dos concorrentes
- A falta de financiamento
A pesquisa diz ainda que dos jovens entre 18 e 24 anos (21,4 milhões), apenas 19,30% (17,2 milhões) estão matriculados ou graduados no ensino superior. Desses, apenas 2% têm "capacidade de arcar com mais de R$ 2 mil mensais para a formação".