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Censo da Educação Superior: apenas um em cada quatro jovens de 18 a 24 anos entrou na faculdade no Brasil

11/10/2023 | Por: O globo | 14949

O Censo da Educação Superior 2022, divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revela que menos de 25% dos jovens de 18 a 24 anos acessam o ensino superior no país: são 75,7% pessoas da faixa etária que não ultrapassaram a educação básica, sendo que 43,4% conseguiram concluir o ensino médio.


O número representa um leve aumento em relação ao último Censo da Educação, realizado em 2020, quando 74,2% dos jovens nessa idade estavam sem acesso a ensino superiro.

Os dados do Censo também mostraram que dos 22,5 milhões de jovens de 18 a 24 anos no país:
21,2% largaram o ensino médio;
9,9% ainda frequentam o ensino médio;
1,2% ainda frequentam o ensino fundamental;
20,2% frequentam o ensino superior;
4% já concluíram o ensino superior.
Uma das atuais metas da pasta é aumentar para 33% o número de ingressos na educação superior dentro da faixa etária.

Falta de alunos
O Inep também constatou que há um grande desafio em preencher as vagas oferecidas, sobretudo nas instituições públicas. Cerca de 25% das vagas estão vagas.

— Não estamos conseguindo, na rede pública, preencher as vagas oferecidas. Nem em medicina conseguimos preencher todas as vagas — declarou Carlos Moreno Sampaio, diretor do Inep.

Foram 4,7 milhões de ingressos na educação superior em 2022, ante 3,8 milhões em 2021. Do total, 4,3 milhões se matriculou na rede privada. A maioria (66%) escolheu o ensino à distância.

— Temos um número histórico no ensino à distância — disse Sampaio.

O Censo da Educação Superior é uma pesquisa estatística que acontece todos os anos. Os dados subsidiam o Ministério da Educação (MEC) no acompanhamento, avaliação e formulação de políticas públicas para o nível superior brasileiro. Participam da pesquisa as instituições federais, estaduais, municipais, especiais e privadas que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica.

— São muitos desafios, e nenhuma política pública pode ser implementada sem ter dados — afirmou o ministra da Educação, Camilo Santana. — O MEC está preocupado com esses números.

'Alarmante', diz ministro sobre explosão do EAD
O ministro da Educação classificou como "alarmante e desafiador" a expansão dos cursos à distância no ensino superior no Brasil: são 17,2 milhões de vagas, um recorde para a modalidade. A grande parte das vagas de cursos EAD está na rede particular (17 milhões).

Segundo os dados, houve um salto de 139,5% nos últimos quatro anos, passado de 7,2 milhões de vagas em cursos nessa modalidade em 2018 para 17,2 milhões no ano passado. Em apenas um ano, entre 2021 e 2022, foram mais de 435 mil novos alunos.

Enquanto isso, o número de vagas no ensino presencial foi de 5,6 milhões, o que representa uma queda em relação ao anterior, quando havia 5,9 milhões.

Santana prometeu decisões mais "rígidas" e "duras" na coordenação e fiscalização dos cursos EAD. Ao mesmo tempo, afirmou preocupação com a quantidade de vagas desocupadas nas instituições públicas.

— Nossa preocupação não é ter curso à distância, mas garantir a qualidade desse curso oferecido para a formação do profissional. Estávamos aguardando o relatório desse último Censo para tomar decisões mais rígidas ou duras para regular e coordenar esses cursos.

Neste mês, o MEC abriu uma consulta pública para ouvir entidades e especialistas sobre mudanças nas regras que regulamentam os cursos de graduação a distância.

Presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz afirmou que a preocupação com o ministro é um sinal positivo, mas cobrou ações para regulamentar a formação de professores a distância. Em 2022, 93,2% dos alunos de licenciatura que foram aprovados no ensino superior privado optaram por estudar à distância.

— É preciso fazer com que, nesses cursos, a carga de EAD seja realmente reduzida para no máximo 20%, apenas nas disciplinas mais teóricas e, de preferência, de forma síncrona. Não dá para ter cursos 100% à distância. Esses alunos não têm convivência, não têm homologia do processo. Ou seja, não aprendem da forma como vai depois praticar em sala de aula.

Já de acordo com Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), a EAD é fundamental para democratizar o acesso ao ensino superior e, sem ele, as taxas de formação não estariam crescendo.

— Mas é necessário que isso seja necessário feito com qualidade. Conseguimos vencer a batalha da quantidade, agora nos cabe lutar pela qualidade — defendeu.


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