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CBESP 2024: PNE e Empreendedorismo fecham programação

10/06/2024 | Por: ABMES | 1384

O empresário e influenciador Joel Jota foi anunciado como embaixador da campanha Brasil Mais Forte da Fórum Brasil Educação. O anúncio foi feito durante o talkshow “Redes Sociais e a Educação do Futuro: como as IES devem se adaptar à nova Economia da Atenção”, apresentado pelo ex-atleta com participação do secretário executivo da entidade, Celso Niskier, e do presidente da Linha Direta, Marcelo Chucre. O momento fechou a programação do XVI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, realizado de 5 a 7 de junho em Mogi das Cruzes (SP). 

Celso Niskier apresentou o embaixador e elogiou a defesa da educação feita por Joel. “A partir de agora, ele vai representar todas as 15 entidades que fazem parte do Brasil Educação, que falam com 16 milhões de estudantes da educação básica a superior”, afirmou. Ele também ressaltou a abrangência que Joel é capaz de impactar positivamente “e defendendo sempre o valor daquilo que o transformou, a educação de qualidade”, disse. Ao final foi entregue um troféu em agradecimento e homenagem pelo trabalho do influenciador. “Não tem emoção maior para um educador ver um aluno tendo tanto sucesso e influenciando positivamente com mensagens tão bonitas todos os jovens”, declarou Lúcia Teixeira, presidente do SEMESP e presidente da Universidade Santa Cecília (Unisanta), onde Joel se formou, fez parte da equipe de natação e foi professor universitário. 

Durante sua fala, Jota criticou a atitude recorrente na internet em que outras personalidades desvalorizam a formação superior e impactam negativamente seus seguidores. Ele também alertou que, como mantenedores e gestores educacionais, os expectadores deveriam estar atentos à importância da internet e do mundo digital para garantir a sobrevivência das instituições de ensino como negócio. “Conquistar um novo aluno tem um custo seis vezes maior do que mantê-lo aprendendo na sua instituição”, afirmou. 

Plano Nacional de Educação 

O Plano Nacional de Educação não poderia ficar de fora da pauta do XVI CBESP. O documento elaborado em 2014, que teria seu prazo terminado no fim de junho, foi prorrogado por mais quatro anos. Diante das metas que não foram atingidas e o início do debate para elaboração da próxima agenda de objetivos, o painel “Metas para o Novo Plano Nacional de Educação” reuniu o presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, Nikolas Ferreira, o deputado federal e vice-presidente da Comissão de Educação, Átila de Melo Lira, e o reitor do Centro Universitário IESB, Luiz Cláudio Costa, sob a coordenação do presidente da Federação Nacional de Educação, Antônio Eugênio Cunha, e o presidente da ABIEE, Marcos Ziemer. 

Ziemer resgatou um comentário provocativo do presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Roberto Curi, que considerou pertinente para abertura do debate: “se o PNE atual (2014-2024) tivesse cumprido todas as suas metas, o Brasil estaria diferente hoje?” e continuou “se a resposta for não, ou as metas estão dissociadas de tudo o que o país precisa ou a tese de que a educação é a ferramenta para o desenvolvimento do país está equivocada”. Ele apostou na primeira opção e reforçou a ideia de que o PNE é, por princípio, uma política de Estado e não de governo. “A dança das cadeiras, como a mudança do comando do Ministério da Educação, atrapalha o processo de organização da educação brasileira”, afirmou.  

Lira explicou o processo legislativo que envolve o PNE. Ele detalhou que foi feito projeto de lei ao documento vigente, aprovada na Comissão de Educação do Senado Federal que será avaliada pelo plenário da casa e pelos deputados, e será confirmado até dezembro de 2025. “Nós teremos um ano e meio para discutir e dialogar na Câmara dos Deputados”, detalhou. Ele aproveitou a oportunidade para reforçar a importância da manutenção da alíquota neutra para Educação na reforma tributária. 

Para o reitor do IESB, resgatou o histórico de elaboração do atual documento e comentou “eu sempre disse que o Plano tinha 19 metas e que a vigésima seria como financiar essas 19 e por meio de uma política de Estado”. Luiz Cláudio defendeu que apesar de ser um ótimo programa, o Pé-de-Meia não pode ser o ponto final. “Eu brinco que o jovem não quer o Pé-de-Meia, ele quer o par de tênis, quer entrar na universidade e, para isso, precisa de um programa fortalecido de acesso às instituições de ensino privado. O Fies, por exemplo, precisa ser visto como uma política social”, disse. Na opinião dele, também é crucial explorar as inovações e revisar as normas de avaliação, regulação e supervisão. 

Na percepção do presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o problema da educação não é ideológico, mas metodológico. “Eu discordo que seja um problema de ideologia, mas de metodologia. Nós continuamos a utilizar métodos que não funcionam e, a cada governo, se repete os erros. Aliás, pior, se potencializa”. Nikolas também ressaltou que é preciso fazer um diagnóstico para que seja definida uma proposta mais condizente com a realidade. “Como se consegue fazer um documento para os próximos 10 anos se não há um diagnóstico do anterior?”, provocou. 

O parlamentar também pontuou sobre os temas que norteiam sua posição à frente da comissão: alfabetização, evasão escolar e formação de professores. Sobre a proposta que será encaminhada para análise na Comissão, Nikolas afirmou: “quando o projeto chegar, vou analisar os pormenores. E faço mais uma vez um apelo ao ministro da Educação para que seja enviado um PNE técnico, com metas que valorizem as modernidades, os professores, os alunos, de tal forma que possamos ter uma educação realmente melhor no nosso país”. 

Educação empreendedora

Mais cedo, abrindo a programação do dia, Janguiê Diniz, presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo, e Carlos Joel, presidente do SEMESB/ABAMES, debateram sobre a importância da educação empreendedora. Segundo Janguiê, um entusiasta do tema, uma das formas de implementação é incluir a disciplina no currículo escolar desde a educação básica. “E mais do que isso, é o fomento de uma mentalidade empreendedora para que jovem saia de uma mentalidade fixa, limitada, e parta para uma mentalidade de crescimento, de desenvolvimento e prosperidade”, explicou. 

Acompanhados da diretora acadêmica da Link School of Business, Luciana Santos, do membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e secretário executivo da MetaRedx Brasil, Wilson Victorio Rodrigues, e do diretor do Departamento de Apoio à Inserção no Trabalho do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). 

Rodrigues apresentou, em primeira mão, o programa Acredita, que será implementado a partir de julho. Ele apresentou números do público para o qual o programa foi desenhado. Segundo o diretor, 47% da população brasileira está inscrita do Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico). Deste público de 93 milhões de pessoas, cerca de 3 milhões têm nível superior, 19 milhões têm ensino médio completo e 7,4 milhões, ensino médio incompleto. “Essa população pode ser inserida imediatamente no mundo do trabalho e no empreendedorismo”, comentou. 

O Acredita pretende atingir 54 milhões de pessoas entre 16 e 64 anos, inscritas no CadÚnico com potencialidades empreendedoras e capacidades para o trabalho por meio de microcrédito, promovendo a redução da desigualdade social e da pobreza. As instituições de ensino superior particulares vão particular deste programa. Por meio de uma parceria, as IES levarão educação empreendedora por meio de atividades de extensão universitária. 

Wilson defendeu a abordagem multidisciplinar, unindo a inspiração, o comportamento e a técnica. “A educação brasileira tem que dar passos no sentido de qualificar o empreendedorismo de uma forma mais inspiradora para que os nossos jovens possam dar esse passo com mais segurança”, afirmou. Já Luciana Santos dedicou sua apresentação a soluções práticas e inovadoras. “É importante criar um ecossistema empreendedor. Isso significa dizer que precisamos que os jovens tenham acesso a aceleradoras para disporem de venture capital, apoio estratégico, possibilidades de internacionalização, tendo acesso ao capital de conhecimento, à tendência estratégicas e tecnologias”, listou. Ela também argumentou a necessidade de identificar a maturidade empreendedora em cada estudante. 

Carlos Joel fechou o painel apresentando uma síntese do que foi debatido e expôs mais uma perspectiva.  “O que me preocupa é refletir sobre como nós estamos preparados para aproveitar essas oportunidades e esses programas de governo – e das empresas – como instituições de ensino? É preciso fazer um esforço maior da nossa parte para que seja realmente possível e atinja quem precisa ser atingido”, comentou. 

O XVI Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular foi realizado de 5 a 7 de junho, em Mogi das Cruzes (SP). 

 


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