Universidades empreendedoras e o ecossistema de empreendedorismo

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

09/03/2021 | 7371

Universidades empreendedoras e o ecossistema de empreendedorismo

Por Carmem Tavares*

 

A inovação universitária é um dos pilares de inserção no mercado global propiciando um posicionamento mais competitivo diante do cenário econômico. Para Vaidergorn (2001, p. 84), a globalização traz em si novos apelos para a modernidade que está diretamente relacionado à competitividade e alberga “o domínio da tecnologia e a habilitação do maior número de trabalhadores em maiores quantidades de conhecimentos”. Como decorrência, o ensino superior passou a ser considerado como um dos pilares que possibilitam uma inserção mais vantajosa do país no mercado globalizado, portanto, a busca pela competitividade é fundamental para enfrentamento da concorrência, da entrada de novos players multinacionais e de outros modelos de negócios que ofertam formação e inserção no mercado de trabalho, sem que o aluno passe necessariamente por uma universidade.


Universidades que possuem um projeto de inovação são propensas à potencialização de mudanças trazendo a existência de pioneirismos e ações inovativas com o objetivo de rever e romper seus modelos de negócios e de formação. Enfim, precisamos, como gestores, estar atentos e informados, além de estudar, testar e avaliar novos métodos, técnicas e ferramentas disponíveis e acessíveis para nos ajudar a inovar nas formas de ensino e aprendizagem. A Internet, a mobilidade e os novos meios e formatos digitais são bons aliados das instituições de ensino superior (IES) na sua atuação em um cenário em que a transformação digital chegou, com inovações disruptivas. Mas não é tudo.


Em um post de fevereiro de 2021, Fabio Garcia Reis, diretor de inovação do SEMESP apresentou a figura abaixo para ilustrar o processo de inovação nas instituições:


Fonte: Post pessoal de Fábio Garcia Reis

 

As ações acima expressam de forma bem precisa o processo de inovação e, na ocasião, eu deixei um comentário na página do autor. A vocação empreendedora é o maior pilar para transformação de uma IES.

Universidades empreendedoras se apresentam como tendência de expressão internacional, com trajetórias de desenvolvimento diversificadas, independente da forma com que se expressam socialmente ou das ações que adotam para tal fim. Em artigo, também de fevereiro 2021, Shaping the entrepreneurial university: Two experiments and a proposal for innovation in higher education, Henry Etzcowitz, pesquisador de reputação internacional em estudos de inovação como criador dos conceitos de "Universidade Empresarial" e "Tripla Hélice", define alguns elementos como prática de inovação para que a universidades possa ser caracterizada como empreendedora. Um dos elementos, denominado como Novum Trivium, está relacionado a práticas inovativas e iniciativas dos professores. Ele fornece um modelo para integração do empreendedorismo no currículo de forma criativa e prática e não designado como disciplina com o objetivo de que “alunos aprendam como colocar seu conhecimento em prática adquirindo uma nova linguagem e uma nova compreensão cultural para interagir globalmente”. Como essência da teoria criada pelo autor, a Tripla Hélice preconiza a interligação entre empresas e universidades através de “papéis duplos compartilhados em cada ambiente, atraindo de volta para a universidade, em regime de meio expediente, empreendedores científicos da indústria para servirem como modelos empreendedores”. Ao citar indústria, subentende também o segmento de serviços/mercado.

Na pesquisa de Etzcowitz, os projetos foram denominados de Link, pois fazem a ponte entre as instituições, constroem laços entre uma universidade que tenha visibilidade e liderança como instituição empreendedora. Na pesquisa foi designada a Universidade de Stanford e uma outra instituição, a Universidade de Edimburgo, denominada de aspirante, aproveitando o fator de que cada instituição com inserção loco regional possa realizar uma interface com a cultura empreendedora da outra. “O artigo demonstra como a indústria e o ensino superior são integrados por essas iniciativas”, afirma o autor.

Para quem quer compreender com mais profundidade a Educação para o empreendedorismo e como tornar sua instituição empreendedora indico o paper mais lido no mundo no ano de 2019 “Building builders: entrepreneurship education from an ecosystem perspective at MIT” (Artur Tavares Vilas Boas Ribeiro, Juliana Natsumi Uechi e Guilherme Ary Plonski).

O estudo trata de novas possibilidades na educação para o empreendedorismo. Com o surgimento das universidades empreendedoras, acadêmicos e gestores universitários passaram a dar mais atenção ao fomento do empreendedorismo entre os alunos. Contudo, a pesquisa em educação para o empreendedorismo tornou-se mais orientada para atividades de professores e negligenciou o ecossistema de empreendedorismo em torno da universidade e seu papel na educação de um empresário. Este artigo tem como objetivo apresentar novas possibilidades para educação para o empreendedorismo a partir desta perspectiva de ecossistema. O método foi um estudo de caso do Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT, e os resultados mostram práticas que vão além do modelo clássico de sala de aula, envolvendo atividades, programas de mentoria, competições e outros. Cursos baseados em projetos, atividades baseadas na experiência e atividades baseadas em atividades são bem abordadas nos dados apresentado. Nas discussões, também apresentamos um modelo de organização do empreendedorismo esforços de educação e comparamos nossos resultados com outras pesquisas sobre universidades empreendedoras. A conclusão reforça a necessidade de ver a educação empreendedora através da lente dos ecossistemas, destacando oportunidades para estudos futuros.

 Sendo Henry Etzcowitz, o autor fonte para o meu mestrado em gestão da inovação, não poderia deixar de divulgar suas pesquisas e práticas como forma de enriquecimento das IES brasileiras.

A foto abaixo trata-se do recebimento da premiação do paper citado acima, realizada pelo Instituto Internacional de Tripla Hélice (IITH), presidida por Etzcowitz a um dos autores do paper mais lido no mundo em 2019, a saber, Artur Tavares Vilas Boas Ribeiro, com todo orgulho, meu filho!
 

A inovação é o propósito que move a Pro Innovare. Estamos abertos para atendê-los e trocarmos experiências. Procure-nos no site que está abaixo.

 

 

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*Carmem Tavares é Gestora Educacional e de Inovação com 28 anos de experiência no mercado educacional privado brasileiro em instituições de diversos portes e regiões

 

Os textos aqui apresentados são de responsabilidade do autor e não representam necessariamente a opinião e/ou o posicionamento da ABMES.

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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