2022: o ano 110 depois de Turing

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

08/02/2022 | 3136

2022: o ano 110 depois de Turing

Por Ronaldo Mota*

O matemático inglês Alan Turing é considerado o pai da ciência da computação e da inteligência artificial. Certamente, trata-se de um dos mais impactantes e influenciadores pensadores do mundo contemporâneo. 

Entre tantos feitos históricos, destaque-se ter sido ele o principal responsável, ao decifrar o “impenetrável” Código Enigma dos alemães, por determinar os locais exatos onde estavam as tropas alemãs em 6 de junho de 1944 (famoso “Dia D”). Isso facilitou o desembarque de mais de uma centena de milhares soldados na costa da Normandia, fato decisivo para a vitória dos aliados e para o final da Segunda Guerra Mundial. 

Em termos computacionais, ele idealizou um processo mecânico que atestava se um procedimento lógico poderia ser comprovado ou, eventualmente, não. Até então era assumido que seria impossível existir na matemática algo cuja verdade jamais fosse descoberta. Nascia a Máquina de Turing, o modelo básico de um computador comum, berço de todos as máquinas que impregnam a sociedade atual, promovendo assim o nascimento da computação moderna.

Turing introduziu o conceito de “jogo da imitação”, tal que uma máquina passaria em um teste (“teste de Turing”) ao conversar com um ser humano sem que esse percebesse se tratar de uma inteligência artificial. Assim, inteligência artificial é o ramo da ciência da computação que simula a inteligência humana nas máquinas. Para tanto são adotados algoritmos (sequência finita de ações executáveis que permitem obter solução para um determinado problema) utilizando técnicas tais como aprendizagem de máquina (machine learning) e aprendizagem profunda (deep learning).

Sete anos após o final da Segunda Grande Guerra, em 1952, Turing foi preso acusado de indecência (homossexualismo era considerado crime na época). Foi submetido a um tratamento com injeções de estrogênio (hormônio feminino), o que na prática significou sua castração química. 

Em 1954, ele, supostamente, se suicida ingerindo uma maçã (a famosa mordida na maçã) contendo cianureto. Destaque-se que algumas das informações acima permaneceram confidenciais até a década de 1970 (ainda que suas contribuições já fossem amplamente adotadas). Por exemplo, as técnicas, em detalhes, que Turing usou para decifrar as mensagens dos alemães somente foram tornadas públicas em 2013.

Recentemente, em 2009, o governo britânico pediu desculpas formais e, em 2013, Turing obteve da Rainha o perdão real definitivo. Em março de 2021, o Banco Central do Reino Unido homenageou Alan Turing, ilustrando sua imagem na nota de 50 libras.

O ano de 2022, pela onipresença e absoluta relevância das tecnologias digitais, merece ser registrado como o 110º ano de nascimento daquele que contribuiu para moldar boa parte da cultura, economia, hábitos e costumes da civilização contemporânea. 

 

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*Ronaldo Mota é Diretor acadêmico do ITuring

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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