Agenda ESG: o papel da educação

Espaço destinado à atualização periódica de tecnologias nacionais e internacionais que podem impactar o segmento educacional e, portanto, subsidiar gestores das instituições de ensino para que sejam capazes de agir proativamente olhando para essas tendências.

26/07/2022 | 2202

Agenda ESG: o papel da educação

Por Ronaldo Mota*

Meio ambiente, social e governança é a tradução literal para a sigla ESG (em inglês, Environmental, Social and Governance). Essas três palavras traduzem a necessidade de uma noção mais ampla de sustentabilidade na prática do mundo corporativo. Elas sugerem a imprescindibilidade da empresa se assumir enquanto protagonista, conjugando a geração de valores econômicos com a preocupação ativa em questões ambientais, sociais e de governança corporativa. 

ESG está presente hoje nas melhores empresas e tende a ampliar, progressivamente, sua relevância no futuro próximo. A título de exemplo, a busca pelo tema cresceu algo da ordem de 250%, anualizado até fevereiro deste ano, segundo dados Google Trends. Cabe também destacar que o Brasil é identificado como sendo o país latino-americano que mais tem acessado o assunto, estando entre as 25 nações onde o tema é mais procurado. 

Segundo estudos da empresa PwC, até 2025, 57% dos ativos dos fundos mútuos na Europa estarão em investimentos que valorizam ESG. Mais relevante ainda, 77% das empresas pretendem, no prazo de dois anos, não mais adquirir produtos “não-ESG”.

As respostas a esse enorme desafio implicam em mudanças de comportamentos, prioridades e, em última instância, da própria cultura empresarial, envolvendo os profissionais e os demais participantes, abrangendo todo o ciclo da empresa. Trata-se tanto da formação continuada dos que já atuam na corporação, bem como daqueles que serão absorvidos, garantido a aprendizagem de novos ou revalorizados conceitos e de estratégias inéditas. Ou seja, educar para ESG é, definitivamente, a coluna vertebral de qualquer plano bem-sucedido no cumprimento dessa missão. 

Essa inédita complexidade educacional demanda um especial despertar para a nova relevância do social, do ambiental e de aspectos de governança, o que implica em priorizar um conjunto de habilidades socioemocionais que não era adequadamente contemplado antes. Adicionalmente à exigência do domínio de conhecimentos, técnicas e procedimentos tradicionais das atividades da empresa, passa a ocupar uma centralidade que os profissionais sejam capazes de aprender a aprender continuamente sobre novos valores e práticas associadas a sustentabilidade. 

Para tanto, é indispensável que demonstrem capacidade analítica para resolver problemas, sempre ancorados no uso do método científico e na familiaridade com pensamentos críticos, desenvolvendo raciocínios abstratos sofisticados. Além disso, uma abordagem educacional que incorpora ESG como elemento relevante valoriza a efetiva habilidade de comunicação, propiciando saber lidar com pessoas, incluindo promover mediações com flexibilidade e competência em todos os contextos, fazendo uso de desenvolvida inteligência emocional que inclui empatia, autocontrole e capacidade de gestão emocional, individual e coletiva.

Nesse contexto, que demanda uma visão panorâmica, é preciso que todos os atores demonstrem capacidade de cumprimento simultâneo de multitarefas, propiciando análises apuradas e preparação para tomada de decisões complexas. Da mesma forma, é imprescindível que colaborem em equipe de forma produtiva, sendo respeitosos e cordiais, entendendo as características individuais e as peculiaridades das circunstâncias, promovendo ambientes criativos e empreendedores, resultantes de processos coletivos e cooperativos.

Enfim, não temos receitas prontas e acabadas, mas sabemos que educação é, certamente, uma das molas propulsoras capazes de levar a cabo a tarefa de desenvolvermos um novo caldo cultural empresarial, onde os temas de sustentabilidade, lato sensu, sejam, em breve, naturalmente internalizados em todos as etapas dos processos do mundo corporativo. 

 

 

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*Ronaldo Mota é Diretor acadêmico do ITuring

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Carmen Tavares

Gestora educacional e de inovação com 28 anos de experiência em instituições de diversos portes e regiões, com considerável bagagem na construção de políticas para cooperação intersetorial, planejamento e gestão no ensino privado tanto na modalidade presencial quanto EAD. Atuou também como executiva em Educação Corporativa e gestora em instituições do Terceiro Setor. É mestre em Gestão da Inovação pela FEI/SP, com área de pesquisa em Capacidades Organizacionais, Sustentabilidade e Marketing. Pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e graduada em Pedagogia pela UEMG.

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