Em um mundo em constante mudança, a conscientização global e a interconexão por meio da Educação a Distância no ensino superior têm um papel significativo a desempenhar na formação das próximas gerações de alunos.
Diante da demanda impulsionada pelo Ministério da Educação, destacada na Meta 12 do Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei nº 13.005/2014, quer seja, “(e)levar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos”. Considerando também que os dados apresentados no Censo da Educação a Distância no Brasil, elaborado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED, 2020), apontaram que o ensino a distância tem sido um grande impulsionador do aumento da oferta de vagas no ensino superior, respondendo por mais de 63% das mais de 16,4 milhões de vagas para o ano de 2019, e ainda, considerando os dados apresentados sobre o crescimento da EaD no Brasil, de acordo com o documento Cenário do Ensino Superior no Brasil/SEMESP, Edição 2021, cuja evolução das matrículas podem ser observadas na figura abaixo:
O crescimento total de matrículas no regime de Educação a Distância, já observado pelo SEMESP em 2019, surge no Censo da Educação Superior em 2021, publicado recentemente, demonstrando que a maior parte dos alunos já opta pela Educação a Distância, aproximadamente 63% das matriculas totais. Se considerarmos apenas a iniciativa privada o número de ingressantes em 2021 foi maior que 70%, como apontavam todas as tendências o que pode ser observado na figura abaixo.
Em pesquisa realizada pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) em 2020 a qualidade do ensino remoto é reprovada por 72,6% dos alunos. Para potencializar a qualidade do Ensino a Distância no Brasil temos grandes desafios pela frente, alguns tecnológicos e outros não.
O aumento do número de matrículas e abertura de polos sem a infraestrutura adequada é um dos problemas mais pontuados por candidatos a um diploma de nível superior e geralmente estão relacionadas à infraestrutura tecnológica e de internet como também ao atendimento por tutores e a própria dinâmica do polo. Questões relacionadas à equivalência de diplomas, oportunidades no mercado para alunos que fizeram seus cursos na modalidade a distância são alguns desafios que precisam da atenção dos gestores.
A garantia de qualidade pode ser observada como um processo contínuo de desenvolvimento individual e institucional em cada IES, basta a realização de avaliações e pesquisas realizadas pela própria Comissão Permanente de Avaliação. Outros fatores possuem objetivos sociais mais amplos e, portanto, precisam ser refletidos com a sociedade. Dizem respeito a valorização do egresso de um curso de EaD e a fatores emocionais e psicológicos relacionados à própria ausência da presencialidade. Temos um aumento de conhecimento disponível na internet, mas não temos pessoas mais bem formadas, ou qualificadas e nem tão pouco mais humanas. Durante a pandemia vários estudos foram realizados como a ausência afeta a saúde mental e creio, que em maior ou menor grau, todos nós sentimos na pele um pouco dessa realidade.
Como trazer a presença, a acolhida para dentro da EaD, partindo do pressuposto do que já preconizava Aristóteles “O ser humano é um animal social”? Por esse olhar a aprendizagem não pode ser dissociada das emoções. Será esse um dos fatores apontados como motivo de insatisfação dos alunos na pesquisa da ABED? Como a tecnologia, por exemplo a vídeo chamada, os fóruns de participação, as atividades síncronas com participação em tempo real por parte dos alunos podem ajudar os estudantes de EaD a se sentirem envolvidos? Acredito que esse seja talvez o nosso maior desafio como educadores, haja vista que a solidão e suas consequências é cada vez maior entre os seres humanos num mundo pós pandemia.
_____________
*Carmen Tavares é Gestora Educacional e de Inovação com 28 anos de experiência no mercado educacional privado brasileiro em instituições de diversos portes e regiões