Por: Nei Grando*

1 - Sobre a IA e mudança na sociedade e na economia

A Inteligência Artificial (IA) está presente há muito tempo em nossas vidas, de forma praticamente invisível, pois está embutida em produtos e serviços, como Waze/Google Maps, feeds de mídia social, no comércio eletrônico, em novos produtos, na medicina e saúde etc.

Além disso, empresas do mundo todo, em todos os setores da economia e em todas as áreas funcionais, tem utilizado a IA na prática, para resolução de problemas específicos. Em uma pesquisa que participo pelo Núcleo Decide da FEA-USP estudamos sobre o uso da IA em tomada de decisão organizacional com mais de 170 casos de uso por empresas, alguns em automação, mas a maioria são de suporte aos gestores e colaboradores.

A IA Generativa, de uso mais geral tanto para uso pessoal, quanto profissional acelerou em muito este processo, principalmente com Chatbots Inteligentes como ChatGPT, Claude 2, Google Bard e ferramentas multimídia de tratamento de imagens, sons e vídeo, como Dall-E 2, Midjourney, Stable Diffusion e tantas outras. Muito dinheiro tem sido investido em toda cadeia de valor, inclusive de hardware como as GPUs da Nvidia entre outras, muitas Startups têm sido criadas para atender nichos específicos e poder competir com as grandes.

Numa pesquisa recente a McKinsey estima que a IA generativa poderá adicionar o equivalente a US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões anualmente à economia global. Sendo que 75 por cento do valor que os casos de uso de IA generativa podem fornecer recai sobre quatro áreas: operações do cliente, marketing e vendas, engenharia de software e P&D.

Enfim, a IA é a principal tecnologia por trás da rápida transformação que está impactando profundamente a sociedade. A IA Generativa está mudando a forma como vivemos, ensinamos, trabalhamos e projetamos coisas, inclusive o desenvolvimento de software.

2 - Sobre a IA e as oportunidades para Startups 

As Startups em geral se destacam pela inovação e pelo uso de novas e emergentes tecnologias em seus negócios. A IA tem sido amplamente usada pelas Startups não só pelos benefícios da própria IA, mas também por chamar a atenção de investidores. Para algumas destas empresas, com foco em soluções de tecnologia, a inteligência artificial está no núcleo de seu negócio, para outras como moda ou RH, por exemplo, serve de apoio ao negócio.

A Startup Finesse, por exemplo, utilizou aprendizado de máquina para reduzir o excesso de estoque, reduzindo assim o desperdício de produção e passando a produzir roupas para indivíduos que se sentem pouco representados no mundo da moda.

Outro exemplo é o da Olive Diagnostics que criou uma solução de IA baseada em Nuvem, usando o KG um dispositivo óptico não invasivo baseado em IA que pode ser montado em qualquer vaso sanitário para coletar dados para análise clínica.

Resultados do aumento de produtividade com o uso de IA Generativa já estão sendo apresentados em relatórios de pesquisa, destacando principalmente nos setores de TIC, bancos e finanças, indústria farmacêutica. Em TI tem apoiado muito a aceleração do desenvolvimento de software, com geração de Código.

3 - Espaço para as startups desenvolverem soluções próprias e/ou aproveitando serviços cognitivos de computação em nuvem.

Muitas Startups e pequenas empresas usufruem das soluções das bigtechs utilizando-se de recursos de computação cognitiva em nuvem, incluindo APIs para incorporá-la em seus produtos e serviços.

Além disso diversas empresas brasileiras possuem modelos próprios de IA e soluções de destaque.

Por exemplo, o brasileiro Jonatas Grosman, desenvolveu um aplicativo de transcrição de áudio que se tornou o mais baixado do mundo, conseguindo superar as ferramentas oferecidas por gigantes da indústria, como Facebook, Google e Microsoft.

Outro exemplo é a Maritaca.AI, adaptou modelos de linguagem para o Português com os nomes BERTimbau e Sabiá.

4 - Minha trajetória na área de tecnologia e envolvimento com a temática da IA

Tive duas empresas de software e soluções de TI (por 27 anos): na primeira atuei com conectividade, tanto com hardware (de fabricação própria) quanto software básico; na segunda fui pioneiro no fornecimento de acesso e hospedagem internet para algumas empresas, depois conduzi o desenvolvimento de portais, plataformas digitais de negócios e outros produtos, incluindo de internet-banking, home broker, gestão do conhecimento etc.

Quanto ao meu envolvimento com IA, começou em 1979 na Universidade Estadual de Maringá (UEM), quando participei de um primeiro curso sobre Inteligência Artificial (IA). Depois, em 1986, participei do “I Encontro Regional sobre Inteligência Artificial” em São Paulo, pela SUCESU.

Em seguida houve um longo período em que o tema perdeu relevância. Na última década novos algoritmos de aprendizado de máquina, aprendizagem profunda com redes neurais e aprendizagem por reforço, que somados aos novos recursos de hardware e big data levaram a IA da academia e laboratório para as empresas com aplicações práticas.  Acompanhei tudo isso e atualmente além de pesquisar a respeito do tema, atuo em consultoria, sou pesquisador sobre IA pelo Núcleo Decide da FEA-USP, ministro a disciplina "Fundamentos de Inteligência Artificial" em curso MBA da ESPM, publico artigos sobre IA em Negócios no meu blog (neigrando.com) e outros, ministro palestras e represento o tema IA no TrenDs News, podcast e videocast sobre nosso mundo em transformação digital (trendsnews.com.br).

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*Nei Grando possui mais de 10 anos de atuação no desenvolvimento de Plataformas de Negócios nos mercados de Capitais (Home Broker e FIX), Imóveis e Mídia Digital (Ad Server). É diretor executivo da STRATEGIUS, atua como Pesquisador/Curador de conteúdo sobre Negócios e Tecnologia, Autor, Consultor, Conselheiro de Empresas, Mentor, Professor e Palestrante sobre estratégia e modelos de negócios, inovação, transformação digital, agilidade organizacional, inteligência artificial, organizações exponenciais e cidades inteligentes.

Nei Grando foi convidado por Maria Carmen Tavares Christóvão para escrever neste espaço.