O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) registrou este ano 98.931 matrículas de alunos com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O volume equivale a 65,95% das 150 mil vagas abertas pelo Ministério da Educação para o primeiro semestre do ano.
É o menor volume de contratos firmados pelo Fies desde 2010, quando atingiu 74 mil, diz Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Foram assinados 154 mil contratos em 2011, 378 mil em 2012, 560 mil em 2013, 732 mil em 2014 e 311 mil em 2015.
No ano passado, foram abertas 325 mil vagas e realizadas 203.583 matrículas — 62,64% do total. Para Caldas, historicamente, cerca de 40% das vagas não são fechadas porque os alunos não preenchem os requisitos estabelecidos pelo MEC.
O plano nacional de educação em vigor determina a meta de chegar a 33% de taxa líquida de matrículas no ensino superior até 2024. “Hoje só temos 17% de taxa líquida, temos que crescer mais de 10% ao ano. Se o governo está retrocedendo em vagas ofertadas, como vamos cumprir o plano nacional?”, questiona o diretor. Ele destaca que essa taxa supera 35% em países vizinhos como a Argentina, o Chile, o México e a Colômbia, segundo dados da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE).
Entretanto, o MEC considera que o número de matrículas ainda poderá crescer neste semestre com a abertura do processo de vagas remanescentes.
Como as regras para financiamento foram alteradas desde 2015, a cada ano as vagas diminuem, segundo o diretor. As instituições privadas têm procurado alternativas para atrair alunos, fazendo parcerias com instituições privadas, subsidiando diretamente os alunos e oferecendo crédito próprio.
Mas o MEC considera que o processo de vagas remanescentes, lançado no segundo semestre do ano passado, ajudou a elevar o índice de matrículas. Para este ano, as inscrições foram abertas em março e, dependendo do caso, seguem até 22 de maio.
Os principais gargalos citados por Caldas são renda e nota abaixo do teto? cursos que o MEC dá prioridade mas que não têm demanda? e o financiamento que não é mais integral.
Quanto menor a renda, menor é a nota que o aluno tira, explica o diretor. Na parte dos cursos, o ministério estabeleceu 60% das vagas para as áreas de saúde, formação de professores e de engenheiros. “O ministério precisa entender a demanda, nem sempre os cursos prioritários [para receber o Fies] estão em consonância com o que os alunos querem.”
Além disso, o teto de financiamento antes era de R$ 42 mil e caiu para R$ 30 mil. O programa só financia R$ 5 mil por mês, mas como o MEC não cobre mais os 100%, o valor financiado fica abaixo disso, com o aluno se responsabilizando pelo restante. Há cursos, como medicina, que custam acima de R$ 5 mil por mês, dependendo da região e da instituição. Fica muito caro para o estudante, diz o diretor.
A expectativa é em torno do novo modelo de financiamento, mais sustentável, que o MEC promete divulgar neste mês.