Pesquisa feita com estudantes que terminaram o ensino médio mostra que 70% deles não ingressaram em uma faculdade por não ter condições de pagar. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e da Educa Insigths, 23% desistiram por não conseguir uma vaga em universidade pública. Entre os egressos do ensino médio, 52% ainda esperam conseguir entrar para a universidade (62% em até dois anos).
Apesar dos avanços no ensino fundamental e médio nas últimas décadas, apenas 15% dos jovens em idade universitária estão cursando o ensino superior no País, contra 21% na Argentina, 65% nos EUA e 70% na Suécia. Com esse índice, o Brasil está em último entre os países avaliados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) na proporção de pessoas entre 25 e 34 anos com ensino superior completo. Coreia, Japão, Canadá, Luxemburgo e Irlanda aparecem no topo do ranking.
Diferentemente do que ocorreu nas Américas espanhola e inglesa, que tiveram acesso ao ensino superior anda no período colonial, o Brasil teve que esperar o final do século XIX para ver surgir as primeiras instituições culturais e científicas desse nível, a partir da vinda da Família Imperial ao País. Já a primeira universidade surgiu somente em 1912.
Durante muito tempo, o ensino superior se manteve elitista. Sempre foi muito difícil para estudantes pobres entrarem numa universidade pública ou bancar uma instituição privada. Nas camadas de menor renda há um importante efeito cumulativo devido ao atraso e à evasão escolar, que se inicia no ensino fundamental.
Nos últimos anos, entretanto, a participação dos mais pobres no ensino superior público do Brasil cresceu quatro vezes entre 2004 e 2013. Isso ocorreu devido ao aumento do número de vagas no ensino superior, à melhoria de renda dos trabalhadores e a programas governamentais como o Prouni e o Fies.
Entretanto, ainda estamos muito longe de atingir um índice compatível com as necessidades do País, e a política de ajuste fiscal do atual governo vem infligindo à educação grandes sacrifícios. Se quiser atingir um desenvolvimento sustentável, porém, o Brasil precisa investir pesado nessa área, desde a fase elementar até os mais altos níveis de ensino.