Por: Yasmim Franceschi
Mesmo depois de quatro anos por aqui, muitas pessoas ainda me perguntam porque eu vim viver e estudar em Israel. Eu compreendo as dúvidas pois eu era completamente ignorante sobre a realidade do Oriente Médio e principalmente de Israel.
Evidentemente eu também me perguntaria o que leva uma menina de São João de Meriti, a cidade do Rio de Janeiro conhecida como o “formigueiro das Américas”, filha de pai pedreiro e mãe dona de casa, sem nenhuma conexão aparente com o Judaísmo ou com Israel, decidir empacotar tudo aos 17 anos, se despedir de todo mundo, se colocar num avião pela primeira vez na vida, destinado à uma terra desconhecida e uma jornada sem resultados previsíveis.
Atualmente, depois de ter adquirido fluência em 4 línguas estrangeiras, feito amigos do mundo todo, conhecido 2 ganhadores do prêmio Nobel e testemunhado o momento de êxtase científico e tecnológico em que se encontra a sociedade israelense, eu aconselho qualquer estudante que esteja em busca de um desafio recompensador à vir estudar em Israel.
Por que e como decidi estudar em Israel
Eu vim à Israel pela primeira vez em 2014, com bolsa de 95% para um programa internacional equivalente ao Ensino Médio (IB) na Eastern Mediterranean International School. Essa é a primeira escola internacional do Oriente Médio, que reúne mais de 40 nacionalidades diferentes, para estudar ciência, humanidades e debater o futuro político, econômico e social do mundo (Mais informações em: em-is.org).
Eu fui aluna da classe inaugural da escola. Isso significa que quando fui aceita não havia nenhuma informação disponível sobre os anos anteriores ou qualquer depoimento de alunos que pudesse me garantir que a experiência seria de fato compensadora. Além disso, nesse mesmo ano, havia um conflito entre Israel e o Hamas na faixa de Gaza acontecendo. Eu embarquei exatamente no dia em que foi declarado cessar fogo.
Eu e minha família pesquisamos profundamente sobre Israel e consultamos diversas fontes para avaliar a situação da segurança e os motivos que tornam o país extremamente atrativo para quem quer ter perspectivas ilimitadas para sua carreira acadêmica. Quando convencidos de que era uma boa decisão, eu lancei uma campanha de crowdfunding na internet e consegui o apoio de muita gente da minha escola (Colégio Pedro II) e de todo o Brasil para custear o resto da anuidade e as despesas de viagem. Eu consegui a quantia contada e vim para Israel.
Como foi fazer o Ensino Médio em Israel
A experiência na escola foi indescritível. Foram dois anos de engajamento intelectual intenso. Os alunos vivem, trabalham e estudam juntos o dia inteiro, dividem seu tempo entre um programa acadêmico muito rigoroso e atividades extracurriculares de impacto social, ou aperfeiçoando suas habilidades artísticas e talentos.
Eu não sabia nem inglês fluentemente quando cheguei. Dependia do Google Tradutor para me comunicar. Depois de um mês já me sentia confiante e aos poucos fui ganhando fluência. Estudei biologia e química avançadas, literatura inglesa em uma turma de nível nativo, aprendi espanhol, francês e hebraico, toquei na banda da escola, e ainda organizei um evento TEDx com a comunidade estudantil só para mencionar algumas das experiências mais marcantes dessa jornada.
Depois de graduada no EMIS, recebi uma bolsa integral da Associação de Amigos Brasileiros da Universidade de Tel Aviv, universidade posicionada entre as 100 melhores do mundo. Brasileiros podem concorrer à bolsa para estudar sua área de preferência em Humanidades ou Engenharia Elétrica em inglês.
A universidade também merece um texto separado, mas para começar, vou citar que a infraestrutura e o nível de investimento e valorização da pesquisa são aspectos da cultura israelense que estão estampados em cada canto da Universidade de Tel Aviv.
Universidade de Tel Aviv
Eu estudo Psicologia e também faço alguns cursos de programa de engenharia elétrica em ciências da computação e matemática aplicada, pois considero fundamental para o momento atual do conhecimento, que especialidades diferentes sejam integradas. Depois do curso de programação em Python que terminei esse semestre adquiri os fundamentos técnicos e teóricos para me tornar uma programadora independente, e estou começando a pesquisar aplicações computacionais para área de Psicologia e Linguística.
Com tudo isso, eu sei que é difícil para um estudante brasileiro considerar com seriedade a opção de estudar em Israel. Por esse motivo eu pretendo escrever mais colunas esclarecendo dúvidas e mostrando por meio da minha experiência, que Israel é um país aberto, receptivo a mentes criativas e inovadoras de todo o mundo, principalmente porque aqui se reconhece e compreende a importância inestimável de se fomentar a educação e o progresso do conhecimento.