Milhares de estudantes aprovados no Fies ainda estão esperando a liberação do financiamento para pagar a faculdade. Por causa de uma falha no sistema de informações do governo, muitos não estão indo à aula e correm o risco de perder o semestre.
Quando o MEC abriu as inscrições para o Fies, no dia 25, as aulas já tinham começado na faculdade escolhida pela Karen Geovana Castro. Ela levou mais 20 dias para conseguir se matricular por causa da burocracia. No fim das contas, perdeu um mês de aula.
E até hoje a Karen não assinou o contrato com a Caixa Econômica para liberar o pagamento da mensalidade. Na faculdade, o nome dela aparece como desistente.
“Eu ainda não sei se vou perder ou não o semestre, se vai dar certo e eu espero que dê porque eu estou perdendo dinheiro indo para a faculdade, comprando almoço, eu estou acordando cedo. Eu tenho que pegar o ônibus as 6h20 e não tem nenhuma certeza se eu vou conseguir estudar ou não”, contou ela.
Alunos de várias cidades do país enviaram vídeos contando história semelhante.
“Eu estou desde o dia 1º de março tentando finalizar o meu contrato com a Caixa e eu não consigo”, disse Elen Alves.
“Quanto tempo mais de aula a gente vai precisa perder até que eles resolvam esse erro? Qual vai ser o prejuízo acadêmico para a gente?”, pergunta Luísa Bastos Lira.
Quando os estudantes chegam para fechar o contrato com a Caixa são informados de que faltam informações no cadastro para finalizar o processo. Nesta segunda-feira (1º), o Ministério da Educação reconheceu o problema. O prazo de inscrição no programa foi estendido até o dia 5 de abril.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) informou que foi identificado um problema sistêmico que tem impedido a troca de informações com o agente financeiro em relação aos candidatos pré-selecionados do Fies.
Em 2019 foram liberadas cem mil vagas para o financiamento estudantil a juros zero. Para ter direito ao financiamento, o estudante tem que fazer mais de 450 pontos no Enem, não tirar zero na redação e comprovar renda familiar mensal por pessoa de até três salários mínimos.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Sólon Caldas, está orientando as faculdades a aceitarem os alunos enquanto o problema não for resolvido, mas ele admite muitos alunos podem perder o semestre.
“A orientação para as instituições de ensino é para que elas recebam esses alunos sobretudo porque os alunos não têm como resolver o problema técnico. Esses alunos que procuram a instituição de ensino para poder frequentar as aulas estão frequentando as aulas. Os alunos que não estão frequentando as aulas por um motivo qualquer têm duas opções: ou ele vai reprovar o primeiro semestre por conta das faltas, ou ele pode ingressar a partir do segundo semestre, que é a melhor opção”.
Em nota, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação declarou que o prazo para os estudantes contratarem os financiamentos vai ser prorrogado. O Ministério da Educação não se manifestou sobre a situação de alunos que estão perdendo aulas.