O fenômeno da responsabilidade social ganhou força muito recentemente, a partir dos anos 1980, até como estratégia de sobrevivência das empresas em um mundo cada vez mais competitivo. Com isso, tal atividade recebeu algumas variantes, uma das quais é a responsabilidade socioambiental, que aponta que é preciso agir de forma ética e correta tanto em sociedade quanto na sua relação com o meio ambiente. Sendo assim, a atitude pode ser individual, como fechar uma torneira enquanto se escova os dentes, ou separar o lixo reciclável, por exemplo, mas também pode ser coletiva e, nesse caso, a responsabilidade pode ter a personificação de uma pessoa jurídica, como as empresas.
Desse modo, as corporações precisam estar atentas tanto para seu público interno, como colaboradores e acionistas, quanto para o público externo, como clientes, fornecedores e comunidade na qual está inserida.
Fato é que, quando uma organização adota uma postura socialmente responsável, demonstra certa maturidade do ponto de vista de mercado. Nesse sentido, ela zelará pela sua imagem institucional e, o mais importante, provendo um retorno positivo para a sociedade.
Responsabilidade social ou filantropia?
O Dicionário Houaiss define a palavra filantropia como “profundo amor à humanidade; desprendimento, generosidade; caridade”. Sendo assim, ela é entendida como um movimento voltado à solidariedade, podendo ter um viés até mesmo espiritual. Nesse sentido, a filantropia está voltada ao assistencialismo, ou seja, à ajuda financeira ou doação de objetos e itens de necessidade básica para atender a uma demanda emergencial.
Por outro lado, a responsabilidade social incorpora os princípios e valores éticos de uma organização, no sentido de desenvolver ações e projetos voltados para diversas áreas, como a educação, cultura, esporte, meio ambiente, entre outras, com vistas a promover a melhoria da qualidade de vida de determinados grupos de pessoas ou de uma comunidade.
O poder da educação para a cidadania
Se as organizações empresariais já colocam como parte de seu desenvolvimento estratégico a reponsabilidade social, é fato que as instituições de ensino devem adotar também a mesma atitude, principalmente as de Ensino Superior, que preparam os futuros profissionais para o mercado de trabalho. “As ações de responsabilidade social devem estar incluídas na missão de cada IES, que devem assumir institucionalmente, por meio de professores, alunos e funcionários, a responsabilidade de criar projetos e ações que contribuam para um desenvolvimento sustentável, visando a uma sociedade melhor e mais participativa”, explica o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2017 (Pnud/ONU), o Brasil está entre os dez países mais desiguais do mundo. A baixa escolaridade e a dificuldade de acesso à educação, entre outros graves fatores, contribuem para a estagnação socioeconômica, que tende a se acumular. “Por isso, melhorar esse índice deve ser uma preocupação das instituições de Educação Superior que, além de proporcionar uma boa formação do profissional para o mercado de trabalho, precisam desenvolver cidadãos conscientes e engajados em questões socioambientais”, acrescenta Caldas.
O diretor-executivo da ABMES ainda afirma que, “ao se envolver com ações de responsabilidade social, a IES tem a oportunidade de exercer sua função de ensino, pesquisa e extensão. Isso porque é possível realizar processos como transferência de tecnologia social e aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da graduação, ao mesmo tempo em que a instituição contribui para a formação de cidadãos mais preparados para lidar com cenários distintos e conscientes do seu papel na construção de uma nação mais justa, sustentável e tolerante”.
Campanha da responsabilidade social do ensino superior particular
Realizada desde 2005 pela ABMES, a Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular visa a conferir maior visibilidade às ações das IES particulares, fortalecendo parcerias entre as instituições e a sociedade. “A Campanha é uma oportunidade ímpar para os alunos exercerem a prática de seus cursos e ampliarem a consciência social”, ressalta Caldas.
O ápice da Campanha está na Semana da Responsabilidade Social, que em 2019 acontecerá de 23 a 28 de setembro. O evento tem como objetivo geral organizar, anualmente, nas instituições e/ou em espaços escolhidos por elas, uma mostra de seus projetos sociais nas áreas de educação, saúde, cultura, meio ambiente e outros, desenvolvidos ao longo de todo o ano.
As instituições que participam da Semana da Responsabilidade Social e apresentam um relatório das atividades desenvolvidas recebem o Selo IES Responsável, com validade de um ano. A certificação conferida pela ABMES pode ser utilizada nas peças de divulgação da IES, bem como ser apresentada ao MEC como comprovação da atuação social da instituição, item levado em conta pelo órgão durante as avaliações institucionais.
Além disso, a Associação promove o Concurso Silvio Tendler de Vídeos sobre Responsabilidade Social das IES, para estimular o registro, de maneira criativa, das ações promovidas pelas instituições durante a Semana da Responsabilidade Social. Os projetos que irão participar da Campanha em 2019 poderão se inscrever na 13ª edição do concurso de vídeos a partir do dia 30 de setembro, com encerramento em fevereiro de 2020.
Em 14 edições, a Campanha totaliza quase 16 milhões de atendimentos à comunidade e a realização de mais de 91 mil atividades promovidas por instituições de Educação Superior de todo o País. “Diante de números assim, o balanço da Associação é de que as IES brasileiras não apenas sabem da relevância de sua atuação nas comunidades em que estão inseridas como estão abertas e empenhadas na missão de contribuir para a construção de uma nação mais solidária e menos desigual”, conclui Caldas.
Para se inscrever e conhecer mais sobre a Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, acesse responsabilidadesocial.abmes.org.br.