Com o plano de retomada gradual das atividades de ensino no Rio Grande do Sul, desde o início da semana as atividades práticas essenciais à conclusão de cursos estão autorizadas. Algumas instituições gaúchas de Ensino Superior já estão permitindo a volta de alunos às salas de aula e laboratórios de pesquisa. Mas o cenário, claro, é bem diferente do que se via antes da pandemia: a quantidade de estudantes é bem menor, os cuidados com higiene e distanciamento são redobrados, e procura-se não prejudicar aqueles que, por motivos de saúde, prefiram seguir em casa.
A estimativa do governo estadual era de que 41 mil alunos retornassem às aulas nesta etapa. Mas as universidades têm sido cautelosas. Com a constatação inédita, no fim de semana, de bandeira vermelha em algumas regiões e a expectativa pelo decreto que restringiu algumas atividades econômicas em Porto Alegre, com possíveis repercussões também na Região Metropolitana, há instituições que decidiram esperar mais alguns dias ou semanas para retomar algumas atividades práticas essenciais.
Na Feevale, em Novo Hamburgo, a presença de estudantes voltou a ser uma realidade. Nesta semana, 16 cursos estão com atividades presenciais, a maioria da área da saúde. Até sexta-feira, 227 alunos são esperados na universidade, comparecendo em dias, turnos e espaços diferentes.
A maioria das atividades são para alunos que estão concluindo a graduação neste e no próximo semestre, como previa o plano de retomada das aulas no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira (17), havia movimentação no Centro Integrado de Especialidades em Saúde (CIES): cerca de 25 alunos dos cursos de Medicina, Nutrição, Biomedicina, Farmácia, Quiropraxia e Fisioterapia tiveram lições práticas durante atendimento prestado à comunidade. Esse atendimento é importante para a formação deles na área e fundamental em um cenário que tanto exige dos profissionais de saúde. Todos usavam máscaras, muitos estavam de luvas, e os cuidados com higiene e os protocolos sanitários são reforçados entre docentes, profissionais, estudantes e pacientes.
Também a Unisinos voltou a ter rostos familiares de estudantes em seu campus em Porto Alegre, ainda que cobertos por máscaras e mantendo o distanciamento necessário entre colegas e professores. Na noite desta quinta, o Prédio de Laboratórios voltou a receber alunos de Nutrição para a realização de análises. Apenas quatro alunas — entre elas, três formandas —, um laboratorista e a professora estavam presentes. A grande maioria das aulas segue sendo oferecida em ambiente virtual.
O diretor de Operações e Serviços da Unisinos, Cristiano Richter, ressalta que a preocupação maior é com a saúde de todos. Ele afirma que, atualmente, somente estão autorizadas as atividades e operações essenciais e emergenciais nos campi.
— Estamos seguindo com muito rigor o cumprimento dos protocolos de saúde e cuidado com as pessoas. Alguns alunos necessitavam realizar atividades em laboratórios para conclusão de suas disciplinas, trabalhos de conclusão ou pesquisa científica. Esses alunos entram em contato com seus professores e respectivos coordenadores de curso para agendar esta atividade em laboratório — afirma o diretor.
Conforme Richter, esse agendamento é importante porque permite que a equipe responsável pelo plano de contingência da instituição coordene com antecedência as ações de cumprimento dos protocolos, tais como a autorização de acesso ao campus, desinfecção do ambiente e uso de máscara, entre outros protocolos implementados.
Aulas online e estágio a distância
Por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União desta quinta, o Ministério da Educação (MEC) ampliou a autorização de aulas a distância em instituições federais de Ensino Superior até 31 de dezembro de 2020. O documento, motivado pelas medidas de contenção à pandemia de covid-19, também flexibiliza os estágios e as práticas em laboratório, que podem ser feitos a distância nesse período, exceto nos cursos da área de saúde.
Em março, o MEC já havia publicado a primeira portaria que trata sobre o tema com validade de 30 dias. Esta já é a terceira vez que o prazo é prorrogado. Porém, desta vez, a autorização para aulas online é estendida até o fim de 2020.
Para a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), as medidas diminuem as incertezas vivenciadas pelas instituições de Ensino Superior (IES) e permitem a elaboração de atividades administrativas e pedagógicas, inclusive de retomada gradual das aulas presenciais.
— Agora as IES terão todas as condições para fazer a transição com suavidade, podendo planejar as atividades atuais e a retomada das ações presenciais com tranquilidade e segurança jurídica. E garantir a proteção da saúde tantos dos alunos quanto dos funcionários e dos professores, que, em grande parte, integram o grupo de risco — destaca o diretor-presidente da ABMES, Celso Niskier.
Ainda segundo a portaria, as instituições de ensino terão autonomia para definir o currículo de substituição das aulas presenciais, a disponibilização de recursos a estudantes para que eles possam acompanhar as aulas, e a realização de atividades durante o período.