Abrindo o calendário de eventos de 2025 da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), foi realizado, nesta terça-feira (11/02), o seminário “O papel da empregabilidade na avaliação da qualidade das IES”, destacando a importância da colocação dos egressos no mercado de trabalho como indicador de qualidade nas Instituições de Ensino Superior (IES). O evento, realizado de forma híbrida, reuniu especialistas e gestores do setor para discutir o papel estratégico da inserção dos egressos no mercado de trabalho.
Celso Niskier, diretor-presidente da ABMES, deu início ao seminário destacando o papel fundamental da empregabilidade no futuro das IES e sua conexão com o mercado de trabalho. Ele ressaltou que o Ministério da Educação (MEC) já trabalha na reformulação dos critérios de avaliação, incorporando indicadores de empregabilidade e impacto social gerado pelas graduações. “Estamos falando de mudanças nos Projetos Pedagógicos Institucionais (PPI), nas práticas acadêmicas e na forma de mensuração da qualidade do ensino superior”, afirmou Celso.
A vice-presidente da ABMES e coordenadora do seminário, Débora Guerra, complementou destacando a importância da parceria com empresas. “A empregabilidade não envolve apenas oferecer qualidade acadêmica, mas formar profissionais que estejam preparados para os desafios reais do mercado de trabalho”, disse. Compartilhando a coordenação do evento, Bruno Coimbra, diretor jurídico da ABMES, enfatizou a importância dessa aproximação entre as IES e o mercado de trabalho. “Parcerias com empresas permitem que os alunos desenvolvam competências práticas, essenciais para seu sucesso profissional”.
Mudanças nos critérios de avaliação
Para as IES entenderem melhor as mudanças dos critérios de avaliação, a ABMES convidou o diretor de avaliação da educação superior do Inep, Ulysses Teixeira, que defendeu a necessidade de adotar um modelo de avaliação mais robusto e multidimensional. Para ele, a empregabilidade é apenas uma das dimensões que devem ser consideradas. O painel de indicadores proposto pelo Inep inclui aspectos como pesquisa, extensão, acesso e permanência dos alunos. “Não podemos simplesmente entregar o diploma e esquecer que aquele estudante existiu. Precisamos acompanhar seu desenvolvimento no mercado de trabalho e nas suas escolhas de vida”, destacou Ulisses.
Ele também ressaltou que a empregabilidade não pode ser o único reflexo da qualidade de um curso, já que fatores externos, como a localização da instituição, influenciam no resultado. “A conexão entre múltiplos indicadores permitirá às IES ajustar suas práticas com base em dados reais e consistentes”. Em sua fala, Ulisses destacou a maneira com que as novas medidas do Governo Federal vão impactar a formação de professores e a empregabilidade dos egressos.
O debate foi ampliado por Iara de Xavier, assessora da presidência da ABMES, ao integrar a ideia de trabalhabilidade ao conceito de empregabilidade. Para ela, o sucesso educacional não deve ser medido apenas pela obtenção de um emprego formal. “Continuar os estudos, empreender e gerar renda de forma autônoma são dimensões válidas e necessárias para se entender o impacto da educação superior”, refletiu.
Ela defendeu a valorização do ensino continuado e dos programas de stricto sensu como uma extensão da empregabilidade. “Nenhuma formação tem terminalidade. Precisamos reconhecer o diploma não como um ponto final, mas como parte de um processo contínuo de evolução”, sugeriu.
Lançamento IASE 2025
Durante o seminário, foi lançada a edição de 2025 do Indicador ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE). Gabriel Custódio, Diretor Nacional da Symplicity, explicou que o indicador é uma ferramenta essencial para as IES acompanharem o destino de seus egressos, indo além da simples medição de empregabilidade. “O IASE inclui variáveis como a continuidade dos estudos, empreendedorismo e geração de renda, oferecendo uma visão abrangente do impacto da educação”, explicou.
Ele também destacou que a análise dos dados fornecidos pelo IASE já revelou disparidades importantes, como a diferença salarial entre homens e mulheres recém-formados. “Esses dados orientam as instituições a tomarem decisões estratégicas, como a adoção de políticas específicas para reduzir essas desigualdades”, sugeriu.
Trabalhabilidade e inovação como pilares estratégicos
Os dados do IASE mostram que a conexão entre o mercado de trabalho e as instituições de ensino pode ser ampliada por meio de parcerias estratégicas. A Atitus Educação exemplificou a criação de disciplinas em colaboração com grandes empresas. Luciano Antônio Reolon, Vice-Presidente Acadêmico na Atitus Educação, compartilhou como a instituição adotou a trabalhabilidade como um pilar estratégico. “Transformamos a trabalhabilidade em uma prioridade institucional inegociável, integrando-a desde o ingresso dos alunos até sua graduação, por meio de certificações intermediárias e parcerias estratégicas com empresas”, exemplificou.
Júlia Andric, Head de Carreiras da Atitus Educação, detalhou a atuação da aceleradora de carreiras da instituição, que trabalha de forma proativa ao acompanhar os alunos dentro das salas de aula. “Não esperamos que o aluno nos procure. A aceleradora está ao lado dele durante toda a sua jornada, conectando-o com oportunidades de emprego e empreendedorismo”, detalhou. Os dois apresentaram os resultados que a IES tem tido com essa iniciativa inovadora.
A íntegra do seminário pode ser assistido aqui