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Em 2023, graduação on-line será maioria

17/02/2017 | Por: Valor Econômico | 7062
Reprodução da Internet

O número de alunos matriculados em cursos a distância deve ultrapassar o ensino presencial daqui a seis anos. Em 2023, a estimativa é de 9,2 milhões de estudantes em faculdades privadas, sendo que 51% deverão estar matriculados em cursos on­line, de acordo com dados da consultoria Educa Insights. Em 2015, último dado disponível no Ministério da Educação (MEC), cerca de 20% dos universitários faziam cursos a distância.

A projeção leva em conta o histórico de crescimento dos últimos cinco anos, mas também considera a entrada de instituições privadas renomadas no mercado de graduação on­line como FGV e PUC, e universidades públicas como USP e a Federal Fluminense, que tem cerca de 10 mil inscritos.

"Um curso a distância é rentável a partir de 10 mil alunos. A força da marca no presencial é importante porque atrai para os cursos on­line. Mas a instituição precisa ter fôlego financeiro porque o ensino a distância demanda um investimento alto antes da geração de receita, ou seja, antes dos alunos começarem estudar", disse Luiz Trivelato, sócio da Educa Insights.

A Unigranrio, conhecida pelo curso presencial de medicina, investiu R$ 4 milhões numa plataforma tecnológica da Blackboard, empresa americana de tecnologia aplicada à educação, que possibilita acesso às aulas até pelo celular e um conteúdo pedagógico mais interativo. A universidade carioca espera dobrar ainda neste ano o número de matriculados nos cursos a distância, que hoje é de 2,8 mil.

"Nossa previsão é que o ensino presencial fique estável, sem crescimento, porque no Rio a crise está ainda pior. Os servidores estão sem salário e fica difícil arcar com o custo dos estudos. O ensino a distância é uma opção mais em conta", disse Jeferson Pandolfo, diretor acadêmico da Unigranrio, que está focando as ações comerciais na captação de alunos nessa modalidade. Segundo a Educa Insights, o valor médio das mensalidades de cursos a distância é de R$ 260.

Outro impulso vem do Ministério da Educação (MEC). O governo tem liberado um grande número de polos ­ como são chamadas as unidades onde são realizadas avaliações presenciais dos cursos a distância ­ para variados grupos de ensino e aprovado novas graduações on­line, como engenharia e outras na área da saúde. Até 2014, os cursos a distância eram basicamente de administração, pedagogia e licenciaturas.

A Uninter, uma das maiores instituições de ensino a distância, aposta em novos cursos como o de jornalismo e publicidade, lançados neste começo de ano. Trata­se do primeiro curso a distância de comunicação no país. "É difícil adaptar o conteúdo desses cursos para o on­line e é preciso investir em laboratórios e equipamentos", disse Benhur Gaio, reitor da Uninter.

Segundo Trivelato, os cursos on­line são a única opção para algumas pessoas que moram em regiões distantes dos grandes centros. Em 2015, havia 434 municípios que contavam somente com graduações a distância. Essas cidades juntas contam com cerca de 153 mil alunos.

Hoje há em operação no país cerca de 3,8 mil polos de ensino a distância. A Kroton, maior grupo de ensino privado, tem 1,5 mil polos. Em seguida vem Unip e Uninter, com 1 mil unidades cada.

O MEC tem um projeto com novas regras para o segmento. Entre elas, está permitir que que universidades e centros universitários tenham autonomia para abrir polos, sem precisar de aval do ministério. Hoje, a aprovação de pedidos de aberturas dessas unidades pode levar anos. Com isso, a concentração de polos nas mãos dos atuais grupos tende a diminuir.


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