Mesmo que o país retome seu crescimento econômico, o cenário para 2018 ainda é desafiador, mas existem caminhos que podem ser trilhados de forma conjunta pelas instituições de educação superior no sentido de fortalecê-las. Esta foi uma das mensagens transmitidas pelos convidados do painel Educação superior brasileira: retrospectiva 2017 e expectativas para 2018, realizado hoje (5) na sede da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília/DF.
O encontro reuniu o diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz; o presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (ABRUC), João Otávio Bastos Junqueira; o membro honorário do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Julio Cesar da Silva; e Ronaldo Mota, membro do Colegiado da Presidência da ABMES e chanceler do Grupo Estácio.
Em sua fala, Diniz relembrou e analisou as ações desenvolvidas ao longo de 2017, ressaltando a atuação nas esferas do executivo e do legislativo e a comemoração pelos 35 anos da ABMES. O diretor presidente da ABMES apontou as manifestações e ações da Associação em pautas centrais para o setor da educação superior particular.
Já o relatório divulgado recentemente pelo Banco Mundial com propostas para o governo federal ajustas as contas públicas, que inclui o pagamento de instituições públicas de educação superior pelos estudantes que podem arcar com as mensalidades, foi um dos pontos ressaltados pelo presidente da ABRUC. De acordo com Junqueira, em 2018, o Brasil vai precisar escolher onde alocar seus recursos da educação. “É preciso encarar que mais de 65% dos alunos que estudam gratuitamente têm uma média de renda familiar muito superior à dos que pagam para estudar em instituições particulares”. Para ele, a solução passa pela adoção de iniciativas como parcerias público-privadas entre o governo e a as instituições particulares, em ações que vão além do Fies e do ProUni.
Governança mútua e EAD
O estabelecimento de parcerias e de redes de operação – que vão além da cooperação, mas envolvem efetivamente uma governança mútua – entre as instituições de educação superior foi uma das propostas apresentadas durante o painel da ABMES. Tanto para o presidente da ABRUC quanto para Julio Cesar da Silva, as IES devem se ajudar mutuamente em busca do crescimento coletivo no próximo ano. “Sobre as expectativas para 2018, com relação à economia, me parece muito importante trabalharmos em rede, em cooperação. Quanto melhor nos integrarmos, melhor teremos condições de enfrentar essa situação”, ponderou o membro honorário do CRUB.
Outro ponto que precisa ser trabalhado pelas instituições no próximo ano diz respeito ao preconceito/corporativismo com relação à educação a distância. Para os especialistas presentes no painel, o novo marco regulatório abriu uma grande perspectiva para atender o país em todas as suas dimensões, mas também trouxe desafios. “Vamos ver até que ponto a expansão do ensino pela EAD vai ser positivo e onde teremos que fazer correções”, avaliou Julio Cesar da Silva.
A relevância das instituições particulares também precisa ser cada vez mais ser trabalhada junto à opinião pública e deve ser um dos focos das IES no próximo ano, alertou o membro honorário do CRUB. “Normalmente, somos vistos como o vilão da história, quando sabemos que não é verdade que as instituições públicas são as únicas que prezam pela qualidade do serviço ofertado enquanto as particulares se preocupam apenas com questões mercadológicas”.
Mudança de era
Ao exercer o seu papel de debatedor, o chanceler do Grupo Estácio provocou convidados e plateia com relação às mudanças de paradigmas educacionais necessárias para que as instituições se adequem à nova era vivenciada pela humanidade. “De alguma forma, estamos em um ponto de ruptura. É um momento muito especial que certamente deixará marcas”.
Para Mota, estamos saindo do processo cognitivo analógico e caminhando para o metacognitivo digital. Isso significa não só a transição de um conteúdo disciplinar para o conteúdo inter, multi e transdisciplinar, mas alterações em outros aspectos ainda mais profundos, como o estímulo ao trabalho em equipe, à educação centrada no educando e não no professor, e a substituição do respeito, da tradição e do conceito rígido pela adaptação, tolerância e empatia.
A arte da educação
Ao final do painel, Ronaldo Mota lançou seu mais recente livro A Arte da Educação. A publicação trata da relevância de se entender o ofício de educar como arte e é composta por um conjunto de artigos, alguns inéditos e outros já publicados em espaços como o ABMES Blog.
Na ocasião, também foi lançado o aplicativo para celular Ronaldo Mota Online. Com ele, é possível acessar gratuitamente a versão completa da obra no formato e-book. Nele, estão disponíveis diversas ferramentas interativas de leitura, como anotações, favoritos, sumário, ferramentas de busca, atalhos para páginas e um menu ajuda.
Israel Experience
Ainda na manhã de hoje, o vice-presidente da ABMES Celso Niskier lançou oficialmente a 2ª Delegação ABMES Internacional – Israel Experience, que visitará instituições israelenses de educação superior, além de pontos históricos e importantes para três das maiores religiões do globo, entre os dias 11 e 21 de outubro de 2018.
Niskier ressaltou a posição de destaque que Israel ocupa no cenário global, em especial com relação a ter se tornado um polo de tecnologia e inovação. Também foram apresentadas parte das oportunidades geradas durante uma missão internacional, como a cooperação com IES do país de destino, ampliação dos horizontes pessoais e institucionais e maior compreensão do cenário da educação superior em outras nações.